A maior vantagemde viver em São Caetano do Sul é poder desfrutar de uma cidade mais segura e tranquila do que a média dos municípios brasileiros. E ainda ser vizinha da maior e mais completa cidade do país, que é São Paulo—o que significa poder voltar para casa em pouco mais de 30 minutos.
Se é verdade que o “C” do ABC se tornou uma cidade modelo, é certo também que ela ainda reflete as desigualdades do país. A cidade segrega seus pobres no bairro Prosperidade e isola seus ricos no Jardim São Caetano. E parece não querer sedar contadeque, se de fato não tem favelas, possui inúmeros cortiços e tem ao seu lado, como “primeiro bairro vizinho” de São Paulo, a favela de Heliópolis.
Os “bons” carros que circulam pelos seus 15 km² de extensão também enfrentam o pesado trânsito nos horários de pico e não raramente fora dele. A falta de planejamento urbanístico, com cada vez mais pessoas ocupando os novíssimos “arranha-céus”, e o excesso de semáforos fazem o morador da cidade sofrer os mesmos problemas que os de uma grande metrópole como São Paulo. As vias estreitas continuam sendo as mesmas para o tráfego mais intenso.
O metrô, prometido ao menos há duas décadas, parece agora se avizinhar. Enquanto isso,o transporte público ainda é caro e ineficiente — basta ver a quantidade de voltas que os ônibus têm de fazer pela cidade até conseguirem chegar ao destino final. Alguém poderá argumentar que existeuma estação de metrô a 1 km de São Caetano (Estação Tamanduateí). É fato. Mas lá não há estacionamento, e, à noite, a região é escura, perigosa e sem policiamento.
O desafio destacidade,que tem a General Motors e uma Distribuidora Petrobrás gerando receitas com impostos, ainda é deixar de ser apenas uma “cidade dormitório” para ser realmente uma “cidade modelo”. Acabar com as desigualdades e ser mais eficiente em serviços públicos (atraindo serviços e comércios de qualidade) devem ser metas.
ELTON EUCLIDES FERNANDES, 30, é advogado e morador de São Caetano do Sul desde o nascimento.
Fonte: Folha de São Paulo