Spravato® (escetamina): como funciona a cobertura por planos de saúde e SUS

Spravato® (escetamina): como funciona a cobertura por planos de saúde e SUS

Data de publicação: 18/10/2025
 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com a depressão.

A doença que também é caracterizada como transtorno depressivo maior, causa episódios constantes de tristeza, perda de interesse nas atividades diárias, entre outros sintomas.

Essa condição clínica grave afeta completamente a qualidade de vida das pessoas que convivem com ela.

Há muitas formas de combater a doença, dentre elas, temos o medicamento Spravato®, que é mais conhecido como Escetamina ou esketamina. No Brasil, ele foi aprovado pela ANVISA em 2022. 

A medicação tem um custo elevado, mas você sabia que o Spravato® pode ser fornecido pelo SUS e por planos de saúde? 

A seguir, entenda o que a lei diz sobre o acesso ao Spravato® pelo SUS e pelos convênios médicos.

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Para que serve o Spravato® (escetamina)?

O Spravato® é um medicamento que tem como princípio ativo a escetamina, que é  indicada para pacientes que sofrem de depressão ou Transtorno Depressivo Maior.

Conforme explica a bula do medicamento, o Spravato combate vários sintomas, como:

  • dificuldade para dormir;
  • mudança no apetite;
  • ansiedade;
  • tristeza;
  • dificuldade de concentração;
  • letargia.

Este medicamento é indicado em conjunto com a terapia antidepressiva oral para que os sintomas possam ser reduzidos. E, cabe reforçar, só deve ser utilizado mediante prescrição médica.


Como o Spravato funciona?

A escetamina é um antidepressivo que trabalha de forma diferente dos antidepressivos tradicionais. Em vez de aumentar os níveis de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, a escetamina age nos receptores de glutamato.

Estudos mostraram que a depressão está relacionada a uma diminuição da sinalização do glutamato.

Sendo assim, a escetamina trabalha aumentando a sinalização do glutamato, o que ajuda a restaurar a função normal das regiões cerebrais atingidas pela depressão.


Quem pode usar o Spravato®?

O Spravato®  é um medicamento indicado para:

  • Pacientes adultos com Depressão Resistente ao Tratamento (DRT);
  • Pacientes com Transtorno Depressivo Maior (TDM) com comportamento ou ideação suicida aguda.

A DRT é quando o paciente usou dois antidepressivos diferentes, mas não obteve um bom resultado no tratamento.

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Quais os efeitos colaterais do Spravato®?

Como qualquer medicamento, o Spravato®  também pode causar alguns efeitos colaterais, os mais conhecidos até agora são:

  • Tontura;
  • Náusea;
  • Ansiedade;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Vômitos;
  • Sedação;
  • Sensação de rotação;
  • Sensação reduzida de tato.

Importante: É importante ressaltar que o Spravato® é um medicamento de uso hospitalar. Dessa forma, é recomendado que o tratamento seja realizado em um hospital ou sob supervisão de um profissional de saúde.


Como usar o Spravato?

O medicamento é administrado junto com outro antidepressivo oral. 

De forma geral, o paciente aplica o spray nasal sozinho, mas sob a supervisão de um médico em um hospital ou clínica. O médico também costuma demonstrar como usar o dispositivo de spray nasal, que libera dois jatos (um para cada narina).

Instruções para uso

Abaixo iremos descrever as instruções de uso conforme as orientações da bula do Spravato®, mas lembre-se que o dispositivo é feito para o controle do paciente, sob o acompanhamento e supervisão de um profissional de saúde.

Etapa 1

Atenção: o profissional de saúde deve orientar ao paciente que ele limpe o nariz somente antes do primeiro dispositivo.

É importante confirmar o número necessário de dispositivos:

28 mg

1 dispositivo

56 mg

2 dispositivos

84 mg

3 dispositivos

Etapa 2

É hora de preparar o dispositivo, confira abaixo as orientações destinadas ao profissional da saúde:

  • Confira a data de validade ('VAL): se o medicamento estiver vencido, pegue um novo dispositivo. Abra a embalagem e retire o dispositivo;
  • Não ative o dispositivo: isso pode causar a perda de medicamento;
  • Observe que o indicador exibe 2 pontos verdes: se o resultado for negativo, descarte o dispositivo e pegue um novo. Feito isso, entregue o dispositivo ao paciente.

Etapa 3

Depois do profissional de saúde seguir as duas primeiras etapas, é hora de preparar o paciente:

  • Segurando o dispositivo conforme a imagem abaixo, o dedão deve segurar delicadamente o êmbolo. O êmbolo não deve ser apertado;
Spravato® (escetamina): Plano de saúde deve custear tratamento para depressão?
Imagem: Consulta Remédios
  • O paciente deve reclinar a cabeça cerca de 45 graus durante o processo de aplicação do medicamento, para mantê-lo dentro do nariz.

Etapa 4 

Dando continuidade no processo o paciente precisa seguir os seguintes passos:

Passo 1. Colocar a ponta do dispositivo diretamente dentro da primeira narina;

Passo 2.  O suporte para o nariz precisa encostar pele entre as narinas;

Passo 3. Depois disso, é necessário fechar a narina oposta;

Passo 4. Em seguida, inspirar pelo nariz, ao mesmo tempo empurrando o êmbolo totalmente para cima até que ele pare;

Passo 5. Inspirar ar pelo nariz de maneira delicada após o jato, isso fará com o que o medicamento permaneça dentro do nariz;

Passo 6. Trocar de mão para adicionar a ponta na segunda narina;

Passo 7. Repetir o mesmo processo para a aplicação do segundo jato.

Spravato® (escetamina): Plano de saúde deve custear tratamento para depressão?
Imagem: Consulta Remédios

Etapa 5

Após a realização das etapas anteriores o profissional da saúde deve:

  • Pegar o dispositivo do paciente;
  • Analisar se o indicador não está mostrando nenhum ponto verde, se estiver, o paciente deve borrifar novamente na segunda segunda narina;
  • Verificar o indicador novamente para confirmar que o dispositivo está vazio.

Feito isso, o paciente precisa:

  • Descansar em uma posição confortável por pelo menos 5 minutos após cada aplicação.

Importante: para analisar as orientações completas, o profissional de saúde deve analisar cuidadosamente a bula do medicamento.


Qual o preço do Spravato®?

Cada sessão da aplicação do Spravato® custa entre R$ 2.200 e R$ 3.300, o que depende da dosagem.

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Plano de saúde deve custear o Spravato®?

Sim. Havendo recomendação médica que justifique o uso do Spravato®, é dever do plano de saúde custear o tratamento com este medicamento.

O Spravato® (escetamina) tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

E por mais que o Spravato® não esteja incluído no Rol de Procedimentos e Eventos da ANS (Agência Nacional de Saúde), a Lei 9.656/98 determina que o plano de saúde deve custear o tratamento de todas as doenças previstas na Classificação Internacional de Doenças (CID-10)

A depressão consta na lista (CID 10- F33) e, portanto, não há exclusão contratual para seu tratamento.

É válido ressaltar que a Lei dos Planos de Saúde, é o registro sanitário que determina a cobertura de uma medicação, e não o rol da ANS.

Na maioria dos casos, a recusa do plano de saúde ao fornecimento do Spravato® pode ser considerada abusiva, conforme decisões judiciais recentes.

Em regra, quando há prescrição médica para o uso do Spravato®, o plano de saúde tende a ser obrigado a custear o tratamento, conforme o entendimento predominante da Justiça.


Por que o plano de saúde costuma negar o fornecimento do Spravato® para tratamento da depressão?

O plano de saúde costuma negar o fornecimento do Spravato® para tratamento da depressão por vários motivos, incluindo:

  • O medicamento não está incluído no Rol de Procedimentos e Eventos da ANS: o Rol de Procedimentos e Eventos da ANS é uma lista de procedimentos e eventos que os planos de saúde são obrigados a cobrir. O Spravato® não está dentro do Rol da ANS, pois é um medicamento relativamente novo;
  • O Spravato® é caro: o medicamento custa cerca de R$ 3.000,00 por sessão. E por essa razão os planos de saúde podem argumentar que o custo do medicamento é excessivo;
  • O medicamento gera efeitos colaterais: conforme citamos anteriormente o Spravato® pode causar efeitos colaterais, como tontura, sedação, náusea e vômito. Os planos de saúde costumam argumentar que os riscos do medicamento são maiores do que os benefícios;
  • Não tem cobertura contratual para uso domiciliar: as operadoras de saúde alegam que o medicamento só pode ser administrado em ambiente hospitalar ou ambulatorial.

No entanto, o fato de o Spravato® ser um spray nasal de uso domiciliar não afasta a necessidade de acompanhamento e supervisão médica, tampouco a obrigação de fornecimento pelo convênio sempre que houver recomendação médica.

Além disso, a ausência da escetamina no rol da ANS tem sido contestada judicialmente, e há decisões que reconhecem a obrigação dos planos de custear o medicamento.

Neste sentido, pacientes que enfrentam negativa de cobertura podem recorrer ao Judiciário, desde que munidos de prescrição médica fundamentada na ciência.


O que torna obrigatória a cobertura do Spravato® pelo plano de saúde?

O registro sanitário do Spravato® na Anvisa é um dos principais fundamentos para o custeio do medicamento pelos planos de saúde.

Em geral, os tribunais têm entendido que, havendo prescrição médica e registro na Anvisa, o fornecimento deve ser garantido pelos planos de saúde, ainda que o medicamento não conste no rol da ANS.


Como obter o Spravato® pelo plano de saúde?

Para obter o Spravato® pelo plano de saúde, o paciente deve apresentar a prescrição médica ao plano de saúde. Feito isso, o plano de saúde pode solicitar a realização de uma avaliação médica para fins de comprovação da indicação do medicamento.

Contudo, caso o plano de saúde negue o fornecimento do medicamento, o paciente pode buscar orientação jurídica para avaliar a possibilidade de garantir o tratamento por meio judicial.


Cobertura do Spravato® negada: o que devo fazer?

Caso o plano de saúde negue o fornecimento do Spravato® para o tratamento da depressão, é possível buscar orientação jurídica para avaliar a viabilidade de solicitar judicialmente a cobertura do medicamento - mesmo quando se trata de uso domiciliar ou de medicação fora do rol da ANS.

Em geral, para analisar esse tipo de caso, são importantes dois documentos:

  • Relatório médico detalhado, justificando as razões pelas quais o medicamento é tão importante para o tratamento. Além disso, deve discriminar os medicamentos que você usa e associar ao Spravato®.
  • Recusa do convênio por escrito com as razões pelas quais foi negada a cobertura do medicamento.

Abaixo, veja um exemplo ilustrativo de relatório médico que costuma ser utilizado em processos desse tipo:

Exemplo de relatório médico para ação contra plano de saúde

O relatório médico acima é apenas um exemplo de como o médico pode detalhar a necessidade e urgência de um tratamento específico que fora negado pelo plano de saúde.

Mas vale ressaltar que cabe ao médico que assiste ao paciente detalhar seu histórico clínico e justificar adequadamente a indicação para o tratamento da depressão com o Spravato®.

Em casos de negativa de cobertura, é recomendável buscar orientação jurídica para avaliar as medidas cabíveis e compreender os direitos do paciente.


Esse tipo de processo costuma demorar muito?

O processo judicial pode levar algum tempo para ser concluído. No entanto, em muitos casos, o paciente pode solicitar uma decisão liminar - uma medida provisória que, se concedida pelo juiz, pode garantir o acesso ao medicamento ainda no início da ação.

Esse tipo de pedido é comum em ações que tratam do fornecimento de medicamentos, especialmente quando há urgência comprovada no tratamento.


É possível dizer que essa é uma “causa ganha”?

Nunca se pode afirmar que se trata de “causa ganha”. E, para saber as reais possibilidades de sucesso de sua ação, é fundamental conversar com um advogado especialista em Direito à Saúde para avaliar todas as particularidades do seu caso.

Isso porque há diversas variáveis que podem influir no resultado da ação, por isso, é necessário uma análise profissional e cuidadosa.

O fato de existirem decisões favoráveis em ações semelhantes mostra que há chances de sucesso, mas apenas a análise concreta do seu caso por um advogado pode revelar as chances de seu processo.


É possível obter o Spravato® pelo SUS?

O Spravato® não é atualmente coberto pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Dessa forma, o acesso ao medicamento em casos de necessidade especial deve ser avaliado individualmente.

O Estado brasileiro tem o dever de garantir o acesso à saúde a todos os cidadãos, incluindo o fornecimento de medicamentos quando comprovada a necessidade.

Pacientes com depressão grave ou resistente a outros tratamentos podem, em algumas situações, avaliar, junto a um profissional jurídico, a possibilidade de medidas legais para assegurar o acesso ao medicamento.

É recomendável que familiares ou cuidadores de pessoas nessa condição busquem orientação jurídica qualificada para compreender os direitos e alternativas legais disponíveis.


Qual a importância da contratação de um advogado especializado na área?

Em casos de negativa de cobertura por parte do plano de saúde, é recomendável buscar orientação jurídica especializada para compreender os direitos e alternativas disponíveis.

Um advogado com experiência em Direito à Saúde pode avaliar cada situação e esclarecer quais medidas legais podem ser adotadas, inclusive a possibilidade de solicitar medidas liminares, quando cabíveis.

É importante lembrar que cada caso é único, e o resultado dependerá da análise concreta do processo pelo judiciário.


Conclusão

Neste artigo, você conheceu informações sobre o Spravato® (escetamina), um medicamento registrado pela Anvisa que pode ser fornecido pelos planos de saúde em determinadas situações.

Quando houver negativa de cobertura, é recomendável buscar orientação jurídica especializada para avaliar as medidas cabíveis e compreender os direitos do paciente.

A atuação de um profissional de Direito à Saúde pode ajudar na análise detalhada do caso e esclarecer os caminhos legais possíveis, sempre considerando as particularidades de cada situação.

Aproveite e leia mais conteúdos sobre planos de saúde, SUS e direitos dos pacientes em nosso blog.

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em Direito da Saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São Caetano do Sul e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

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