Autônoma obteve terapia para ferida; dona de casa cita sofrimento até ganhar cirurgia para filha recém-nascida.
Da ferida que se abriu na perna durante a gravidez até a ação que garantiu um tratamento eficaz foram 13 anos de dor, diz a autônoma Marta de Fátima dos Santos, 45.
Ela é uma das pacientes que entraram na Justiça para ter acesso a tratamento em câmara hiperbárica, a terapia que motiva mais ações por procedimentos no SUS (Sistema Único de Saúde).
Seu problema começou quando um vaso estourou durante a gestação e deu origem a um ferimento chamado úlcera varicosa. Ao longo dos anos, Marta tentou diversos tratamentos, mas nenhum deu a ela a cura definitiva.
Decidiu entrar com a ação incentivada pelo crescente número de processos na Justiça por medicamentos.
“Se as pessoas conseguiam remédios caros, por que eu não conseguiria um tratamento?”, lembra Marta.
Depois de recorrer à Defensoria, conseguiu fazer a terapia de maneira gratuita.
Ela pode demandar de 20 até60sessões. Cada uma custa, em média, R$ 300.
Por permitir ao paciente inalar uma quantidade grande de oxigênio, que ajuda na cura de feridas, é usada no caso de lesões graves de diabetes e varizes, afirma a médica Mariza D’Agostino Dias. Para ela, o procedimento evita gastos, como os com antibióticos e amputações.
Já o secretário da Saúde do governo Geraldo Alckmin (PSDB), David Uip, afirma que, em alguns casos, as ações indicam o tratamento para finalidades não comprovadas.
A terapia não está na lista de procedimentos do SUS. O uso para feridas crônicas é controverso. Há estudos que apontam que o procedimento pode piorar quadros clínicos em alguns desses casos.
A dona de casa Fernanda Barbieri, 37, é outra paciente do SUS que também buscou a Justiça para conseguir um procedimento na rede pública.
Com uma cardiopatia grave, sua filha recém-nascida foi internada em um hospital de Santo André, município do ABC paulista, com a indicação de uma cirurgia, que não era feita no local.
Entrou em uma fila para fazer o exame. “Acompanhava diariamente, mas nunca chamavam. Era muito sofrimento”, afirma Barbieri.
Após ver o relato da situação em uma rede social, o advogado Elton Fernandes se ofereceu para entrar com uma ação gratuitamente.
A decisão determinando a realização da cirurgia na criança saiu um mês depois.
“Além do sofrimento que passamos, ela poderia ter pegado uma infecção durante a espera”, argumenta a mãe. (Angela Pinho)
Fonte: Folha de São Paulo