Rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde

Rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde

Apesar de ser um tratamento off label, você tem direito de receber o rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde sempre que recomendado pelo médico com base na ciência

Em muitos processos elaborados por nosso escritório, a Justiça entendeu que é, sim, direito dos segurados receber o rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde sempre que houver recomendação médica fundamentada na ciência.

Sobre o tema, os julgados têm ressaltado que não importa se a doença ainda não foi incluída na bula da medicação. Tampouco, no Rol de Procedimentos e Eventos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Isto porque o rituximabe é um medicamento com registro sanitário na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e certificação científica para o tratamento de pacientes com hemossiderose pulmonar idiopática.

Inclusive, nosso escritório tem obtido diversas decisões favoráveis ao fornecimento do rituximabe pelo plano de saúde.

Portanto, se você tem recomendação médica o uso do rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática e o plano de saúde se recusa a fornecê-lo, saiba que mesmo sendo de uso off label é possível conseguir que a Justiça obrigue a operadora a custear o tratamento. Confira mais detalhes sobre o tema, a seguir.

RESUMO DA NOTÍCIA:

Rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde

Imagem de Arek Socha por Pixabay

Para quais tratamentos o rituximabe é indicado em bula?

Em bula, o rituximabe, comercialmente conhecido como Mabthera®, é um medicamento indicado para o tratamento de:

  • Linfoma não Hodgkin
  • Artrite reumatoide
  • Leucemia linfoide crônica
  • Granulomatose com poliangiite (Granulomatose de Wegener) e poliangiite microscópica (PAM)

Um anticorpo produzido fora do corpo, o rituximabe se liga a receptores nos linfócitos B, levando à destruição dessas células. O crescimento anormal de linfócitos B é responsável por doenças neoplásicas ou autoimunes.

E, por sua ação, esse medicamento também tem sido recomendado por médicos de todo o país para o tratamento da hemossiderose pulmonar idiopática, uma doença rara que envolve episódios repetidos de sangramento pulmonar.

A indicação fora da bula é chamada de tratamento off label e, como mencionamos no início deste artigo, mesmo neste caso, o plano de saúde é obrigado a fornecer o medicamento sempre que houver recomendação médica baseada em comprovação científica.

O tratamento da hemossiderose pulmonar idiopática com o rituximabe é experimental?

Não, de forma alguma. Isso porque a indicação do rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática, apesar de não estar na bula, é baseada em evidências científicas de sua eficácia para o tratamento.

Por isso, a recusa da operadora de saúde ao custeio do medicamento, alegando se tratar de uso experimental do rituximabe é completamente absurda e ilegal.

Tratamento experimental é aquele em que não se tem qualquer comprovação científica de sua eficácia. Por isso, não pode ser utilizado em humanos.

O tratamento off label, por sua vez, é aquele em que a medicação é indicada para tratar uma doença que ainda não foi incluída na bula, mas que tem estudos científicos que comprovam sua eficácia para o caso concreto, como ocorre com o rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática.

“Veja, se não existe qualquer evidência científica de que o tratamento funcione no caso concreto, evidentemente que o plano de saúde não estará obrigado a pagar uma medicação. Mas não é esse o caso que estamos tratando aqui. Para este caso há evidências científicas da possibilidade de tratamento e, bem por isso, houve a recomendação do médico”, pondera Elton Fernandes.

O rol da ANS pode impedir o fornecimento do rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde?

Não. Ainda que o tratamento da hemossiderose pulmonar idiopática com o rituximabe não conste no Rol de Procedimentos e Eventos da ANS você tem direito de recebê-lo pelo plano de saúde sempre que houver recomendação médica fundamentada. 

rol da ANS é uma lista de referência do que os convênios devem cobrir prioritariamente, e não um limitador das opções terapêuticas aos segurados.

“A ANS se perdeu em seu papel principal, pois a lei que criou a agência jamais permitiu que  ela estabelecesse um rol de procedimentos onde apenas o que está nele é que fosse custeado pelos planos de saúde. Isto está errado. Muita coisa não está no rol e, por exemplo, a Justiça continua mandando fornecer”, pondera Elton Fernandes.

Não importa qual tipo de contrato você possui - individual, familiar, empresarial ou coletivo por adesão - tampouco a operadora de saúde que lhe presta a assistência médica - Bradesco Saúde, SulAmérica, Unimed, Unimed Fesp, Unimed Seguros, Central Nacional, Cassi, Cabesp, Notredame Intermédica, Allianz, Porto Seguro, Amil, Marítima Sompo, São Cristóvão, Prevent Senior, Hap Vida ou qualquer outra - já que a lei que prevê o acesso ao rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática vale para todos os planos de saúde.

“A lei determina que todo medicamento que tenha registro sanitário no Brasil pela Anvisa seja fornecido pelo plano de saúde aos pacientes. Não nos importa que o Rol de Procedimentos da ANS não contemple o medicamento que você precisa. Tampouco é relevante se o medicamento que você precisa não estiver indicado em bula para a sua doença”, reforça Elton Fernandes.

Há jurisprudência que confirma o direito ao rituximabe pelo plano de saúde para uso off label?

Sim, como mencionamos no início deste artigo, a Justiça tem confirmado, em diversas sentenças, o entendimento de que os segurados têm direito à cobertura do Rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática.

“Essa medicação conta com decisões favoráveis da Justiça - que chamamos de jurisprudência -, de modo que outros tantos pacientes, desde o registro sanitário do medicamento no Brasil, têm entrado com ação judicial para determinar que o plano de saúde forneça essa medicação”, relata o advogado Elton Fernandes.

O que é preciso para ingressar na Justiça a fim de obter o rituximabe pelo plano de saúde?

Para ingressar com a ação judicial a fim de obter o rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde, você deverá, primeiramente, providenciar dois documentos fundamentais para o processo: o relatório médico e a recusa da operadora por escrito.

“Solicite ao seu médico um bom relatório clínico, que explique as razões pelas quais esse medicamento é tão importante ao seu caso. Seu médico poderá, inclusive, citar artigos científicos, em publicações internacionais e nacionais, que balizam a indicação. Dessa forma, nenhum plano de saúde poderá dizer que é experimental, porque existem evidências científicas de que esse medicamento pode, sim, trazer benefícios a você”, orienta o advogado especialista em Direito à Saúde, Elton Fernandes.

Sobre a negativa do convênio, é seu direito exigir que a operadora de saúde lhe encaminhe esse documento por escrito. Não tenha medo de solicitar.

Você precisará, ainda, de alguns documentos pessoais, como RG, CPF, comprovante de endereço e de pagamento do plano de saúde, em caso de contrato particular. E, por fim, procure um advogado especialista em ações contra planos de saúde para te representar perante a Justiça.

“Tendo um bom relatório clínico mais a experiência do seu advogado de lidar com ações como essa, você poderá entrar com a ação judicial e fazer com que a Justiça entenda melhor esse direito”, completa Elton Fernandes.

Em quanto tempo posso obter o Rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática através da Justiça?

Não raramente, pacientes que ingressam com a ação judicial a fim de obter o rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde recebem essa medicação em 5 a 7 dias após o início do processo ou, quando muito, em 15 dias.

“Não se preocupe, achando que a ação judicial vai durar muito tempo para permitir o seu direito, pois, via de regra, essas ações judiciais costumam ser feitas com pedido de liminar, que é um tipo de tutela de urgência, um pedido que se faz à Justiça de uma análise provisória, mas muito rápida. De modo que a Justiça, concedendo a liminar, pode lhe conceder acesso ao medicamento em pouquíssimo tempo”, esclarece.


Elton Fernandes explica que, apesar de não haver um prazo determinado para a análise dos processos, os juízes costumam dar prioridade para as ações feitas com pedido de liminar.

E, por isso, é possível obter o rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde em pouco tempo após ingressar na Justiça.

O advogado ressalta, ainda, que você não precisa sair de sua casa para entrar com a ação contra o seu plano de saúde, já que, atualmente, todo o processo é feito de forma digital.

“Hoje um processo tramita de forma inteiramente eletrônica em todo o Brasil. Portanto, você pode ter um advogado especialista em Direito da Saúde para cuidar do seu caso. Por exemplo, nós estamos em São Paulo, mas cuidamos de casos em todo o Brasil. Dessa forma, é até possível que audiências sejam realizadas no ambiente virtual”, acrescenta.


Este tipo de ação é causa ganha?

Nunca se pode afirmar que se trata de “causa ganha”. E, para saber as reais possibilidades de sucesso de sua ação, é fundamental conversar com um advogado especialista em Direito à Saúde para avaliar todas as particularidades do seu caso, pois há diversas variáveis que podem influir no resultado da ação, por isso, é necessário uma análise profissional e cuidadosa.

O fato de existirem decisões favoráveis em ações semelhantes mostra que há chances de sucesso, mas apenas a análise concreta do seu caso por um advogado pode revelar as chances de seu processo. Portanto, converse sempre com um especialista no tema.

Se você ainda tem dúvidas sobre o fornecimento do rituximabe para hemossiderose pulmonar idiopática pelo plano de saúde, fale conosco. A equipe do escritório Elton Fernandes – Advocacia Especializada em Saúde atua em ações visando a cobertura de medicamentos, exames e cirurgias, casos de erro médico ou odontológico, reajuste abusivo, entre outros.

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em ações contra planos de saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, e professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP.

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