Binimetinibe e encorafenibe para melanoma: plano de saúde deve cobrir?

Binimetinibe e encorafenibe para melanoma: plano de saúde deve cobrir?

Saiba se o seu plano de saúde é obrigado a cobrir o tratamento do melanoma com a combinação dos medicamentos binimetinibe e encorafenibe

Os medicamentos binimetinibe e encorafenibe, quando combinados, são eficazes para o tratamento do melanoma, especialmente quando há mutação do gene BRAF.

Há vários estudos científicos que atestam que a combinação medicamentosa ajuda a reduzir o tumor e retardar a progressão do melanoma.

E, bem por isso, o tratamento deve ser coberto pelo plano de saúde sempre que prescrito pelo médico.

O que ocorre, no entanto, é que as operadoras costumam se recusar a cobri-lo porque os medicamentos ainda não foram incluídos no Rol de Procedimentos e Eventos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Mas esta é uma conduta ilegal e abusiva, já que a Lei dos Planos de Saúde permite superar o rol da ANS se há respaldo técnico-científico para a recomendação médica.

Portanto, a negativa pode ser revista na Justiça.

E, se este é o seu caso, continue a leitura deste artigo para entender como lutar por seu direito à cobertura dos medicamentos binimetinibe e encorafenibe pelo plano de saúde.

Confira, a seguir:

Binimetinibe e encorafenibe pelo plano de saude

Como é o tratamento do melanoma com a combinação de binimetinibe e encorafenibe?

Os medicamentos binimetinibe e encorafenibe são inibidores das proteínas MEK e BRAF, respectivamente, que desempenham um papel importante na regulação do crescimento e divisão celular.

O encorafenibe age especificamente na mutação do gene BRAF, que ocorre em 50% dos melanomas e leva à produção de uma forma alterada da proteína BRAF que promove o crescimento do câncer.

Ele se liga à forma mutante da proteína BRAF e inibe sua atividade, impedindo assim o crescimento do tumor.

Já o binimetinibe é um inibidor da proteína MEK, que faz parte da mesma via de sinalização que a proteína BRAF e também contribui para que o tumor cresça. 

Combinados, os medicamentos proporcionam um bloqueio mais eficaz da via de sinalização que faz com o que o câncer se espalhe. Com isso, ajudam a reduzir o tamanho do tumor e retardar a progressão do melanoma.

Por isso, a combinação dos medicamentos encorafenibe e binimetinibe pode ser indicada para o tratamento do melanoma, inclusive com previsão em bula.

 

Quanto custa o tratamento com encorafenibe e binimetinibe?

Encorafenibe e binimetinibe são medicamentos de alto custo, o que significa que o tratamento com ambos tem um valor elevado.

O preço do binimetinibe 15 mg varia de R$ 8.950,22 a R$ 15.802,63, enquanto o encorafenibe pode custar de R$ 3.127,91 a R$ 12.426,13 para as dosagens 50 mg e 75 mg.

Portanto, estamos falando de um tratamento cujo valor está fora do alcance financeiro da maior parte da população.

E, por isso, a cobertura pelo plano de saúde pode ser a única alternativa para o segurado com prescrição para tratar o melanoma.

 

Plano deve custear o uso combinado do encorafenibe com binimetinibe?

Cobertura de binimetinibe e encorafenibe para melanoma

Sim. Havendo recomendação médica, é dever do plano de saúde custear o uso combinado dos medicamentos encorafenibe e binimetinibe para o tratamento do melanoma.

Primeiro, porque os dois remédios têm registro sanitário na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). E, por isso, têm cobertura obrigatória segundo a Lei dos Planos de Saúde.

Segundo, porque o tratamento do melanoma com a combinação encorafenibe e binimetinibe tem certificação científica, com eficácia comprovada por vários estudos clínicos.

Portanto, o plano de saúde não pode negar a cobertura ao paciente alegando, por exemplo, a falta de previsão no rol da ANS.

Isso em razão da Lei 14.454/2022, que estabelece que o rol da ANS pode ser superado sempre que houver respaldo técnico-científico para a recomendação médica.

“A Lei dos Planos de Saúde, atualmente, diz muito expressamente que sempre que houver a indicação médica de um tratamento com base na Medicina Baseada em Evidências, ou seja, sempre que houver evidências científicas de que esse tratamento tem reconhecimento técnico-científico para o caso, a cobertura pelo plano de saúde pode ser buscada”, afirma o advogado.

O que fazer se plano de saúde negar o tratamento?

Você pode recorrer à Justiça para obter o custeio do tratamento do melanoma com o uso combinado dos medicamentos binimetinibe e encorafenibe.

Procure a ajuda de um advogado especialista em ação contra plano de saúde e separe os seguintes documentos:

  • Relatório médico: é necessário que seu médico detalhe o porquê o uso combinado de binimetinibe e encorafenibe é essencial para o seu tratamento. Confira um modelo de como deve ser este relatório médico:

Exemplo de relatório médico para ação contra plano de saúde

  • Negativa do plano de saúde por escrito: peça que a operadora de saúde lhe encaminhe as razões pelas quais recusou o fornecimento do medicamento.
  • Documentos pessoais: RG, CPF, carteira do plano de saúde e últimos comprovantes de pagamento da mensalidade em caso de planos familiar ou individual.

Com essa documentação e o auxílio de um advogado especialista na área da saúde você poderá obter o custeio, através da Justiça, do seu tratamento pelo plano de saúde.

 

É preciso esperar muito para obter os medicamentos na Justiça?

Não. É possível conseguir o custeio do uso combinado de binimetinibe e encorafenibe para o tratamento do melanoma em pouco tempo na Justiça.

O motivo é que as ações que buscam a liberação de medicamentos são feitas com pedido de liminar, dada a urgência que o paciente tem em receber o tratamento.

A liminar é uma ferramenta jurídica que possibilita uma análise antecipada do pedido, geralmente em 48 horas. Se deferida em favor do paciente, pode permitir o acesso aos medicamentos em poucos dias.

Mas cabe lembrar que esta é uma análise provisória que precisará ser confirmada ao final do processo. Confira no vídeo abaixo como funciona a liminar:

 

Esse tipo de ação é “causa ganha”?

Nunca se pode afirmar que se trata de “causa ganha”. E, para saber as reais possibilidades de sucesso de sua ação, é fundamental conversar com um advogado especialista em Direito à Saúde para avaliar todas as particularidades do seu caso, pois há diversas variáveis que podem influir no resultado da ação, por isso, é necessário uma análise profissional e cuidadosa.

O fato de existirem decisões favoráveis em ações semelhantes mostra que há chances de sucesso, mas apenas a análise concreta do seu caso por um advogado pode revelar as chances de seu processo. Portanto, converse sempre com um especialista no tema.

 

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em ações contra planos de saúde e professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife.

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