Pembrolizumabe (Keytruda®): plano de saúde deve fornecer o medicamento?

Pembrolizumabe (Keytruda®): plano de saúde deve fornecer o medicamento?

Data de publicação: 07/11/2025

O pembrolizumabe (Keytruda®) é uma medicação endovenosa da classe dos imunoterápicos (anti-PD1), cuja ação é estimular as células imunes (linfócitos T) do organismo.

Por isso, ele é um medicamento comumente indicado para o tratamento de diversos tipos de câncer, entre eles melanomacâncer de endométrio, cabeça e pescoço, rim, entre outros.

Assim, diante da recomendação médica para uso do pembrolizumabe, é possível solicitar a cobertura do medicamento pelo plano de saúde.

Caso o fornecimento seja negado, o paciente pode buscar orientação jurídica para avaliar a possibilidade de obter o acesso ao tratamento por meio da Justiça.

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Para que serve o medicamento pembrolizumabe?

O pembrolizumabe é utilizado para ajudar o sistema imunológico a lutar contra o câncer, mas pode ser indicado para o tratamento do câncer de endométrio, pele, pulmão, rim, entre outros, quando associado ao lenvatinibe (Lenvima®).

A dose recomendada em bula de Keytruda® é 200 mg a cada 3 semanas ou 400 mg a cada 6 semanas, administrada por infusão na veia durante aproximadamente 30 minutos. Porém, a dosagem e a frequência são definidas pelo médico.

pembrolizumabe pelo plano de saúde

Como funciona o tratamento com o pembrolizumabe (Keytruda®)?

O pembrolizumabe (Keytruda®) é indicado para os seguintes tratamentos:

  • câncer de pele: chamado melanoma em adultos, em estágio avançado;
  • câncer de pulmão: chamado câncer de pulmão de células não pequenas em adultos;
  • câncer de cabeça e pescoço: chamado de carcinoma de cabeça e pescoço de células escamosas em adultos;
  • câncer chamado carcinoma urotelial em adultos, que inclui o câncer de bexiga;
  • câncer uterino chamado de câncer endometrial em mulheres adultas;
  • câncer de estômago: chamado adenocarcinoma gástrico ou da junção gastroesofágica em adultos;
  • câncer esofágico em adultos;
  • Linfoma de Hodgkin, clássico em adultos e crianças com idade igual ou superior a 3 anos;
  • carcinoma de células renais em adultos.

Mas também pode ser indicado pelo médico responsável para o tratamento de outros tipos de câncer, com base em evidências científicas de sua eficácia, o que chamamos de tratamento off-label.

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Tratamento do câncer de endométrio com pembrolizumabe

De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de endométrio é o tipo mais comum da doença no útero.

Ele ocorre justamente no revestimento interno do órgão e pode ocorrer em mulheres de todas as idades, tendo como principais sintomas o sangramento vaginal, perda de peso e dor pélvica.

Somente no último ano, houve mais de 6 mil novos casos, segundo estatística do INCA.

O tratamento para o câncer de endométrio é definido pelo médico e pode incluir quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e cirurgia.

Em bula, o tratamento com o pembrolizumabe é indicado para pacientes que não podem realizar cirurgia ou que já realizaram e precisam prevenir que o câncer retorne.

Além disso, estudos clínicos já atestaram a eficácia do pembrolizumabe como tratamento de primeira linha para o câncer de endométrico, com aumento da sobrevida livre de progressão.


Tratamento do câncer de bexiga com pembrolizumabe

O pembrolizumabe tem indicação em bula para tratar o carcinoma urotelial em adultos, um tipo de câncer de bexiga.

Porém, há estudos científicos recentes que demonstram a eficácia do medicamento também para outras formas da doença, como é o caso do câncer de bexiga não-músculo invasivo (CBNMI), de alto risco, por exemplo.

Ainda que o uso do medicamento não tenha sido aprovado no Brasil para o câncer de bexiga não-músculo invasivo de alto risco, é possível buscar a cobertura também deste tratamento pelo plano de saúde.


Tratamento do câncer gástrico com o pembrolizumabe

O uso do pembrolizumabe em pacientes com câncer gástrico aumenta significativamente a resposta patológica completa. 

O câncer gástrico é o quinto tipo mais comum da doença no mundo. No Brasil, o adenocarcinoma responde por 95% dos casos de tumor do estômago.

Sendo que, segundo as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), houve 21.230 novos casos de câncer de estômago no país.

O pembrolizumabe, por sua vez, oferece uma melhora estatística e clinicamente significativa em sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta objetiva (TRO) em relação ao tratamento padrão.


Tratamento do câncer de rim com o pembrolizumabe

Em bula, o pembrolizumabe é indicado para tratar o carcinoma de células renais em adultos. Além disso, estudos clínicos atestam sua eficácia também para formas avançadas da doença.

O estudo Keynote-581, por exemplo, demonstrou que a combinação pembrolizumabe e lenvatinibe reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 61% na comparação com outros tratamentos.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são mais de 12 mil casos de câncer de rim por ano no Brasil. Sendo que 47% dos pacientes acometidos pela doença recebem o diagnóstico tardio.

Quanto custa o tratamento com o Keytruda®?

O Keytruda® (pembrolizumab) é um medicamento de alto custo, cujo preço varia de R$ 16.962,90 a R$ 24.275,31. Cada embalagem vem com um frasco-ampola que contém 100 mg de pembrolizumabe em 4 mL de solução (25 mg/mL). 

Ou seja, para cada dose recomendada em bula (200 mg) são necessárias duas caixas do Keytruda®, com custo total de até R$ 48 mil mensais.

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Plano de saúde deve cobrir o tratamento com o pembrolizumabe (Keytruda®)?

O plano de saúde deve cobrir o tratamento com o pembrolizumabe, havendo indicação médica que justifique a necessidade de uso do medicamento, conforme previsto em lei

Pois, é dever do plano de saúde garantir a cobertura e fornecimento da medicação bem como o tratamento do câncer diante da recomendação médica.

Essa possibilidade se baseia na Lei nº 9.656/1998, que determina que medicamentos registrados pela Anvisa e necessários ao tratamento de doenças listadas na Classificação Internacional de Doenças (CID) podem ter cobertura obrigatória.

No entanto, há casos em que as operadoras negam o fornecimento do pembrolizumabe, alegando motivos contratuais ou regulatórios.

Nessas situações, é possível buscar orientação jurídica para avaliar se a recusa foi indevida e quais medidas podem ser adotadas.  


É possível obter o medicamento pembrolizumabe (Keytruda) pelo SUS?

É possível obter o medicamento pembrolizumabe (Keytruda®) pelo SUS, desde que sejam atendidos alguns critérios:

  • O medicamento tenha registro na Anvisa;
  • Não exista no SUS outra medicação capaz de substituir o pembrolizumabe no tratamento indicado;
  • O paciente comprove não ter condições de arcar com o custo do medicamento.

Nesses casos, o médico deve elaborar um laudo detalhado que comprove a necessidade do tratamento e justifique a solicitação ao SUS.

Se o pedido for negado, o paciente pode buscar orientação jurídica especializada para avaliar a possibilidade de uma ação judicial visando o fornecimento do medicamento.

Mesmo quando a indicação médica do pembrolizumabe (Keytruda®) não está prevista em bula (uso off-label) ou no Rol de Procedimentos da ANS, há decisões judiciais que reconhecem o direito ao fornecimento do tratamento conforme as particularidades de cada caso.

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O que fazer em caso de negativa do fornecimento do pembrolizumabe (Keytruda)?

Caso o convênio se recuse a fornecer o pembrolizumabe (Keytruda®) indicado pelo médico, o paciente pode avaliar, com orientação jurídica especializada, a possibilidade de ingressar com uma ação judicial com pedido de liminar (tutela de urgência) para tentar garantir o acesso ao tratamento.

Há decisões judiciais que reconhecem o direito ao fornecimento do pembrolizumabe em situações em que há indicação médica, inclusive quando o tratamento não está previsto em bula (uso off-label) ou listado no rol da ANS, sempre considerando as particularidades de cada caso.


Este tipo de ação é causa ganha?

Nunca se pode afirmar que uma ação contra plano de saúde que nega medicamento ou tratamento seja “causa ganha”. Para entender as reais possibilidades de sucesso, é essencial consultar um advogado especialista em Direito à Saúde, que poderá avaliar todas as particularidades do caso.

O fato de existirem decisões judiciais favoráveis em casos semelhantes indica que há precedentes positivos, mas somente a análise individual feita por um profissional pode apontar as reais chances de êxito.


Qual a importância de um advogado especialista em Direito à Saúde?

Contar com um advogado especializado em Direito à Saúde é essencial para garantir que a ação contra o plano de saúde seja conduzida com base nas normas legais e nas provas adequadas.

Esse profissional poderá analisar a negativa do convênio, reunir os documentos necessários - como o relatório médico e a justificativa da recusa - e orientar o paciente sobre as medidas judiciais cabíveis.

Em muitos casos, quando há urgência médica devidamente comprovada, a Justiça pode apreciar o pedido com rapidez, por meio de uma liminar, garantindo o acesso ao tratamento de forma célere.


Conclusão

O pembrolizumabe (Keytruda®) pode ser disponibilizado tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde, conforme a legislação e decisões judiciais já proferidas sobre o tema.

Em caso de negativa, é importante reunir os documentos que comprovem a necessidade do tratamento - como o relatório médico e a justificativa clínica - para compreender quais são as alternativas legais possíveis e buscar orientação sobre os próximos passos.

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Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em Direito da Saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São Caetano do Sul e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

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