Plano de saúde pelo sindicato: o que você precisa saber antes de contratar

Plano de saúde pelo sindicato: o que você precisa saber antes de contratar

Com dúvidas se vale a pena contratar um plano de saúde pelo sindicato? Veja o que ninguém te conta sobre reajustes, cobertura e como fugir de ciladas

Vai contratar um plano de saúde pelo sindicato? Antes de assinar o contrato, é bom entender o que realmente está por trás dessa modalidade.

Embora o plano coletivo por adesão — oferecido por sindicatos e administradoras como a Qualicorp — prometa mensalidades mais acessíveis, ele pode esconder surpresas nada agradáveis com o passar do tempo.

Contratar um plano de saúde é uma decisão importante para garantir acesso a serviços médicos de qualidade. No Brasil, há diferentes modalidades disponíveis: planos individuais, coletivos por adesão e empresariais.

A escolha pode parecer simples, mas muita gente desconhece as particularidades de cada tipo de contrato — o que, na prática, pode resultar em reajustes abusivos inesperados e insegurança na hora em que mais se precisa do plano.

Os planos coletivos por adesão, como os oferecidos via sindicato, são amplamente divulgados por entidades de classe e administradoras de benefícios. No papel, parecem vantajosos: desconto na adesão, inclusão de dependentes e cobertura ampla.

Mas o que poucos contam é que esse tipo de contrato costuma ter os maiores reajustes do mercado - chegando a pesar (e muito) no orçamento ao longo dos anos.

Além disso, a forma como a cobrança é estruturada é bem diferente dos planos individuais. Aqui, entram em cena intermediários como administradoras de benefícios e o próprio sindicato, o que encarece o valor final da mensalidade. Muitas vezes, o consumidor nem percebe que está pagando mais para sustentar essa cadeia de repasses.

Mas, neste artigo, vamos desmistificar tudo isso: explicar como funciona o plano sindical, destacar os riscos, comparar com outras modalidades e mostrar como se proteger de problemas futuros. Se você está considerando essa opção, vale a pena entender as regras do jogo antes de entrar.

Continue a leitura e entenda tudo sobre o plano de saúde pelo sindicato:

Entre em contato com o Dr. Elton Fernandes pelo WhatsApp

O que é um plano de saúde pelo sindicato?

O plano de saúde pelo sindicato é uma modalidade de plano coletivo por adesão oferecido por sindicatos a seus associados. O contrato é intermediado por uma administradora de benefícios — como a Qualicorp — e, embora traga algumas vantagens iniciais, como preços mais acessíveis na adesão, também apresenta riscos importantes.

Plano de saúde pelo sindicato

Imagem de freepik

Como funciona o plano de saúde oferecido pelo sindicato?

O plano de saúde do sindicato costuma funcionar com base em regras previstas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Isso significa que, em muitas profissões, a negociação entre o sindicato e as empresas garante o benefício do plano de saúde aos trabalhadores.

Para aderir, o interessado deve realizar o processo junto à operadora ou à administradora indicada pelo sindicato, sendo que a gestão do contrato, o envio de boletos e o atendimento normalmente ficam sob responsabilidade da operadora, com suporte da entidade sindical.

Uma das vantagens que apresentam para esse tipo de plano é o desconto sindical: por ser fruto de negociação coletiva, ele pode oferecer até 40% de economia na adesão em comparação a outros tipos de planos. Além disso, permite a inclusão de dependentes, como cônjuges, filhos e até pais, de acordo com as regras da operadora e do sindicato.

Como aderir ao plano de saúde do sindicato?

Para aderir a um plano de saúde do sindicato, o primeiro passo é se filiar à entidade sindical da sua categoria, caso ainda não seja associado.

Em seguida, é preciso procurar o sindicato para verificar quais planos estão disponíveis e quais documentos são exigidos.

Depois, basta preencher o formulário de adesão fornecido pela entidade sindical ou pela operadora e, com isso, já é possível começar a usufruir da assistência médica.

plano de saúde do sindicato

Imagem de 8photo no Freepik

Diferenças entre planos de saúde: individual, coletivo por adesão e empresarial

Os planos de saúde disponíveis no Brasil podem ser classificados em três principais categorias: individual ou familiar, coletivo por adesão e coletivo empresarial.

Cada um tem regras distintas, especialmente em relação ao reajuste das mensalidades e à possibilidade de rescisão contratual.

1. Plano de saúde individual ou familiar

O plano de saúde individual ou familiar é contratado diretamente com a operadora, sem intermediários como sindicatos ou administradoras de benefícios. Ele tem duas grandes vantagens:

  • Reajuste limitado pela ANS: A Agência Nacional de Saúde Suplementar regula o percentual máximo de aumento anual, tornando esse tipo de plano mais previsível e acessível.
  • Cancelamento restrito: O contrato só pode ser rescindido por fraude ou inadimplência superior a 60 dias, o que dá mais segurança para o consumidor.

Por conta dessas regras, as operadoras de saúde não têm interesse em vender planos individuais, o que torna sua oferta cada vez mais escassa no mercado.

2. Plano de saúde coletivo por adesão: o que seu plano não quer que você saiba

Os planos de saúde pelo sindicato são uma forma de plano coletivo por adesão, contratados por meio de entidades de classe, como OAB, CREA, CRM, entre outras.

O gerenciamento é feito por administradoras de benefícios, como a Qualicorp, que intermedeiam a relação entre consumidores e operadoras.

Os principais problemas desse tipo de contrato incluem:

  • Reajustes elevados: Historicamente, contratos coletivos por adesão apresentam os maiores índices de reajuste do mercado. Em 2024, alguns planos administrados pela Qualicorp chegaram a aumentos de 30%, bem acima do índice regulado pela ANS para planos individuais, que foi de 6,91% no mesmo período.
  • Falta de transparência nos cálculos: Muitas administradoras alegam que a ANS autoriza esses reajustes, mas, na prática, a agência apenas recebe a comunicação do percentual sem auditar ou analisar sua necessidade real.
  • Divisão da mensalidade: Ao contratar um plano por adesão, o consumidor paga uma mensalidade que é distribuída entre a operadora, a administradora de benefícios e o sindicato ou entidade de classe. Isso significa que mais pessoas estão recebendo parte do valor pago, tornando o contrato mais caro do que um plano contratado diretamente com a operadora.

Se o contrato coletivo por adesão apresentar reajustes abusivos, um advogado especialista em plano de saúde pode ajudar a revisar os valores e buscar que o aumento aplicado seja justo. Tribunais frequentemente determinam a substituição de reajustes excessivos por índices mais equilibrados, como os da ANS.

3. Plano de saúde coletivo empresarial

Os planos coletivos empresariais são vinculados a um CNPJ, podendo ser contratados por empresas para seus funcionários ou, até mesmo, por indivíduos que abrem um MEI ou outro tipo de empresa para conseguir um plano mais barato.

Algumas operadoras comercializam planos empresariais para pequenos grupos familiares, o que pode configurar um falso plano empresarial, já que a regra correta seria a aplicação das normas de planos familiares. Em muitos casos, é possível recorrer à Justiça para obter reajustes mais justos.

Outros desafios do plano empresarial:

  • Reajustes elevados: O percentual médio anual costuma ser de 15%, um valor que muitas vezes é superior ao índice dos planos individuais.
  • Rescisão unilateral: Após 12 meses, a operadora pode optar por não renovar o contrato, prática considerada ilegal pelos tribunais.

Se um plano empresarial for cancelado unilateralmente pela operadora ou apresentar reajustes excessivos, acionar a Justiça pode ser necessário para buscar o cumprimento dos direitos do consumidor.

Converse com um advogado especialista em planos de saúde para entender como se defender de práticas abusivas.

sindicato plano de saúde

Imagem de freepik

O que fazer diante de reajustes abusivos?

Se você está enfrentando reajustes desproporcionais em seu plano de saúde, algumas alternativas podem ajudar:

  1. Solicitar esclarecimentos à operadora e exigir transparência nos cálculos de sinistralidade que justificam o reajuste.
  2. Consultar um advogado especialista em planos de saúde para avaliar a possibilidade de ação judicial para revisão dos reajustes aplicados nos últimos anos.
  3. Buscar alternativas mais seguras, como planos individuais ou familiares, que possuem regras mais favoráveis ao consumidor.

Vale lembrar que, mesmo em contratos coletivos, a Justiça pode determinar a substituição dos reajustes abusivos pelos índices da ANS, permitindo, inclusive, a recuperação de valores pagos indevidamente nos últimos 03 anos.

Reflexão: vale a pena contratar um plano de saúde pelo sindicato?

Embora esse tipo de contrato seja amplamente oferecido no mercado, o plano de saúde pelo sindicato não é a opção mais segura.

Historicamente, os contratos coletivos por adesão são os que apresentam os maiores reajustes, muitas vezes chegando a 25% ou mais ao ano.

Como resultado, esses planos frequentemente se tornam excessivamente caros com o tempo, colocando em risco o acesso à saúde.

Por isso, antes de contratar, exija do corretor um histórico de reajustes e pesquise com outras pessoas que já têm esse contrato. Saber como ele evolui ao longo dos anos pode evitar surpresas desagradáveis.

Se a única alternativa for contratar um plano por adesão, esteja preparado para o risco de aumentos elevados e, caso necessário, consulte um advogado especialista em planos de saúde para avaliar a possibilidade de contestação dos reajustes.

Sendo assim, contratar um sindicato plano de saúde pode parecer uma alternativa prática, mas envolve riscos que precisam ser avaliados com cuidado. Antes de assinar qualquer contrato, sempre consulte um advogado especialista em planos de saúde para garantir que está fazendo a melhor escolha para sua saúde e seu bolso.

Entre em contato com o Dr. Elton Fernandes pelo WhatsApp

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em ações contra planos de saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

Linkedin Elton Fernandes        Instagram Elton Fernandes        Facebook Elton Fernandes

Saiba mais sobre o autor >

 

Siga nossas redes sociais e saiba mais sobre Direito da Saúde:

Lonsurf coberto pela Bradesco Saúde? Veja agora!   Facebook     Lonsurf coberto pela Bradesco Saúde? Veja agora! Instagram    Lonsurf coberto pela Bradesco Saúde? Veja agora! Youtube

Acompanhe o Dr. Elton Fernandes, especialista em ações contra planos de saúde, na imprensa:

 Clique e acompanhe Elton Fernandes no programa Mulheres            Clique e acompanhe Elton Fernandes no programa Santa Receita        Clique e acompanhe Elton Fernandes na Rádio Justiça

 

Fale com a gente

Converse com um advogado especialista