Quanto tempo leva para sair um inventário? Se você está enfrentando esse processo, talvez já tenha sentido a angústia da espera, a dificuldade de reunir documentos ou o estresse de conciliar decisões entre os herdeiros.
Não é raro que, em meio à dor da perda, o inventário se torne uma fonte adicional de preocupação.
A boa notícia é que o cenário vem mudando. Com a digitalização dos cartórios, os Cartórios de Notas de São Paulo registraram aumento de 40,58% nos inventários digitais entre 2020 e 2024, passando de 64,2 mil para mais de 90,2 mil processos no período.
Desde que o e-Notariado passou a permitir o procedimento on-line, mais de 490 mil atos de partilha já foram concluídos. Só no primeiro semestre de 2025, foram 54,1 mil inventários, ritmo que pode marcar um novo recorde anual.
Neste artigo, você vai entender o tempo que leva para sair um inventário e como garantir que o processo corra sem tantos obstáculos. Continue a leitura!
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O tempo para sair um inventário varia conforme a maneira escolhida para conduzir o processo. Quando o procedimento ocorre pela via judicial, costuma demorar mais. Já o inventário extrajudicial, realizado em cartório, tende a ser concluído em um prazo menor.
Na esfera judicial, o andamento depende do ritmo do Poder Judiciário, que enfrenta excesso de processos e falta de servidores. Embora a lei preveja que o inventário seja concluído em até 12 meses, é comum que o prazo ultrapasse esse limite.
Questões como discordância entre herdeiros, grande número de bens ou a necessidade de reunir mais de um inventário em um único processo contribuem para a demora.
O inventário extrajudicial, por sua vez, costuma ser rápido, já que tramita diretamente no cartório. Ainda assim, o tempo de conclusão pode variar conforme a quantidade de bens, o número de herdeiros e a organização dos documentos.
O inventário é obrigatório sempre que uma pessoa falece e deixa bens, dívidas ou valores em seu nome. Sem esse procedimento, os herdeiros não podem vender, transferir ou administrar nenhum bem pertencente ao falecido.
É o inventário que formaliza a passagem legal do patrimônio para os sucessores.
O processo serve para listar tudo o que a pessoa possuía — imóveis, veículos, contas bancárias, aplicações financeiras e outros bens. Essa etapa garante que cada item seja identificado e atribuído corretamente a quem tem direito.
Além disso, a lei estabelece prazos para a abertura do inventário, e o descumprimento pode gerar multas ou complicações judiciais.
Por isso, ao se perguntar quanto tempo leva para sair um inventário, é importante entender que o prazo também depende da agilidade dos herdeiros em buscar a regularização da situação patrimonial.
O inventário pode ser realizado de duas formas: pela via judicial ou pela via extrajudicial. A escolha entre um e outro depende da situação familiar, da existência de testamento e da capacidade dos herdeiros.
Um ponto que costuma gerar dúvida é quanto tempo leva para sair um inventário, e a resposta varia muito conforme o tipo escolhido.
O inventário judicial ocorre quando há a necessidade de acompanhamento por um juiz. Isso acontece em três situações principais: se o falecido deixou testamento, se há herdeiros menores de idade ou incapazes, ou quando existe desacordo entre os herdeiros sobre a divisão dos bens.
O inventário extrajudicial ocorre em cartório, por meio de uma escritura pública. É uma alternativa viável quando todos os herdeiros são maiores de idade, capazes e estão de acordo sobre a partilha. Também é necessário que não exista testamento.
Esse tipo de processo é mais demorado, pois envolve prazos legais, manifestações das partes e eventuais recursos.
Mesmo inventários aparentemente simples podem se estender por mais de um ano. Além disso, os custos costumam ser altos devido às taxas judiciais e ao tempo envolvido.
A via judicial é a única possível quando há conflito, pois garante que o juiz resolva divergências e proteja os interesses dos herdeiros incapazes.
Nesses casos, entender quanto tempo leva para sair um inventário judicial permite ajustar as expectativas da família.
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Em geral, o tempo que leva para sair um inventário extrajudicial gira em torno de um a dois meses, dependendo da agilidade na reunião dos documentos e da disponibilidade do cartório.
Os custos também tendem a ser menores, já que não há audiências nem diligências judiciais. Outro ponto positivo é a liberdade para escolher o cartório onde o inventário será feito, o que facilita para famílias que moram em cidades diferentes.
Ainda assim, pode haver atrasos pontuais. Por exemplo: quando bancos exigem autorização judicial para liberar valores. Mesmo nesses casos, o processo costuma ser resolvido em bem menos tempo do que o judicial.
A dúvida sobre quanto tempo leva para sair um inventário é bastante comum entre os sucessores. Embora o processo judicial possa levar meses ou até anos, existem algumas medidas que podem contribuir para um andamento breve.
O crescimento dos inventários digitais, por exemplo, reforça como a tecnologia tem reduzido a morosidade desses trâmites. Os Cartórios de Notas de São Paulo registraram um aumento de mais de 40% nesse tipo de procedimento entre 2020 e 2024.
Esse avanço indica que a organização e o uso adequado das ferramentas eletrônicas disponíveis podem contribuir para tornar as etapas do inventário mais ágeis.
A reunião completa dos documentos tende a facilitar o andamento da partilha. É interessante reunir certidões, registros de imóveis, contratos, extratos bancários, comprovantes de dívidas e avaliações de bens.
Com essas informações, o profissional responsável poderá avaliar o patrimônio e preparar as etapas seguintes com maior agilidade.
As dívidas do falecido integram o inventário e precisam ser consideradas no processo. Buscar diálogo com os credores e tentar acordos sobre valores e prazos pode auxiliar na regularização dessas pendências e evitar que o procedimento fique suspenso por questões financeiras.
A etapa de partilha pode gerar divergências entre os sucessores. Encontrar um entendimento, com a orientação de um advogado, tende a tornar o processo mais tranquilo e a reduzir possíveis atrasos.
Na fase final, é necessário apurar e recolher os tributos incidentes, como o ITCMD e, em algumas situações, o ITBI. As alíquotas variam conforme o estado e podem chegar a 8% do valor total dos bens.
Efetuar o pagamento dentro dos prazos legais contribui para evitar notificações e para que o processo siga sem interrupções.
Quanto tempo leva para sair um inventário? A resposta depende menos do relógio e mais da forma como o processo é conduzido.
Como vimos, o inventário judicial pode se arrastar por meses, ou até anos, diante de impasses familiares, excesso de processos e falhas na organização de documentos.
Já o extrajudicial mostra como a tecnologia e o consenso entre herdeiros podem transformar a burocracia em agilidade, especialmente após a ampliação dos serviços digitais nos cartórios.
Em última análise, o inventário não precisa ser um processo penoso. Ele pode representar um passo importante de organização patrimonial e de encerramento de ciclos familiares.
E com a digitalização e o avanço do e-Notariado, o tempo para sair um inventário tende a ser cada vez menor, permitindo que as famílias resolvam suas pendências com serenidade e eficiência.

Elton Fernandes, advogado especialista em Direito da Saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São Caetano do Sul e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".
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