Vorasidenibe: aprovação pela Anvisa, indicações e direitos do paciente

Vorasidenibe: aprovação pela Anvisa, indicações e direitos do paciente

Data de publicação: 06/11/2025
Medicamento de uso oral aprovado pela Anvisa: Vorasidenibe - Foto: Freepik

Anvisa aprovou o Vorasidenibe: saiba indicações, resultados clínicos, preço, cobertura pelos planos de saúde e como obter o medicamento em caso de negativa

O vorasidenibe (ou vorasidenib, em contexto internacional) representa um avanço relevante no tratamento de determinados tipos de gliomas, um tipo de tumor cerebral raro.

Em 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento no Brasil, tornando-o uma nova opção terapêutica para pacientes com mutações genéticas específicas.

E, neste artigo, explicamos para que serve o vorasidenibe, seu impacto no tratamento de gliomas, quanto custa o medicamento e quais são os direitos dos pacientes para obter a medicação pelo plano de saúde.

Entenda, a seguir:

Fale com um advogado especialista em planos de saúde Fale com um advogado especialista em planos de saúde

O que é o vorasidenibe e para que serve?

O vorasidenibe é um medicamento de uso oral que inibe as enzimas IDH1 e IDH2 (isocitrato desidrogenase 1 e 2), mutadas em alguns tumores cerebrais de baixo grau, como o glioma difuso de grau 2.

Essas mutações estimulam o crescimento tumoral, e o vorasidenibe age bloqueando essa progressão.

Principais informações:

  • Indicação: tratamento de gliomas difusos chamados astrocitomas ou oligodendrogliomas, de baixo grau (grau 2), com mutações na enzima IDH 1 ou 2.
  • Público-alvo: no Brasil, o vorasidenibe foi aprovado para tratar pacientes a partir dos 12 anos que já foram submetidos a procedimento cirúrgico e que não tenham indicação de radioterapia ou quimioterapia imediata.
  • Objetivo: atrasar a evolução da doença e postergar terapias mais agressivas como quimioterapia e radioterapia.

Importante: o vorasidenibe não cura esses tumores - que são malignos e incuráveis -, mas pode aumentar o tempo sem progressão da doença e preservar funções neurológicas.


Resultados em estudos clínicos

Ensaios clínicos, como o INDIGO, publicados no New England Journal of Medicine, mostraram que o vorasidenibe:

  • Prolongou a sobrevida livre de progressão para até 27,7 meses, contra 11,1 meses no grupo placebo.
  • Reduziu a necessidade de tratamentos invasivos.
  • Apresentou efeitos colaterais geralmente manejáveis (fadiga, náuseas, alterações em exames de fígado).

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que cerca de 11 mil novos casos de câncer do Sistema Nervoso Central (SNC) - que abrange o cérebro e a medula espinhal - surjam anualmente no Brasil, sendo mais de 6 mil em homens (levantamento de 2022).

Embora representem de 1,4% a 1,8% de todos os tumores malignos no mundo, esses cânceres têm alto impacto devido à localização e complexidade do tratamento.

Ainda segundo o Inca, 88% dos casos afetam o cérebro, o que reforça a importância de terapias inovadoras, como o vorasidenibe, para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida desses pacientes.

Infográfico comparativo vorasidenibe x tratamentos tradicionais Infográfico comparativo vorasidenibe x tratamentos tradicionais
Vorasidenibe para o tratamento de tumores cerebrais - Foto: Kjpargeter/Freepik

Aprovação pela Anvisa: o que muda para os pacientes no Brasil?

A Anvisa aprovou o vorasidenibe em 2025, após avaliar dados de segurança e eficácia já reconhecidos pela FDA (órgão regulador dos Estados Unidos), em 2024.

Essa aprovação é histórica, pois representa o primeiro medicamento sistêmico direcionado para gliomas IDH-mutantes de baixo grau após 20 anos sem inovações significativas nessa área.

A Anvisa classificou o vorasidenibe como um produto de terapia avançada, alinhando-se a tendências mundiais de aprovação acelerada para medicamentos oncológicos.

Essa aprovação significa que:

  • Médicos brasileiros podem prescrever o medicamento com registro sanitário válido.
  • Pacientes não precisam mais recorrer à importação direta.
  • O plano de saúde passa a ter obrigação de cobertura (em casos previstos em lei).

Precisa do vorasidenibe e o plano de saúde negou? É possível buscar orientação jurídica especializada para entender seus direitos e alternativas legais.


Quanto custa o vorasidenibe no Brasil?

O preço oficial do vorasidenibe no Brasil ainda será definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

No entanto, com base em valores internacionais, é possível indicar que o custo mensal do tratamento do glioma com o medicamento deve variar de R$ 50 mil a R$ 100 mil.

Guia sobre reajuste do plano de saúde Guia sobre reajuste do plano de saúde
Novo tratamento aprovado pela Anvisa: Vorasidenibe - Foto: Freepik

O plano de saúde é obrigado a cobrir o vorasidenibe?

Sim. Sempre que houver indicação médica fundamentada, é dever do plano de saúde cobrir o tratamento com o vorasidenibe.

Segundo a Lei nº 9.656/1998 e decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), medicamentos com registro na Anvisa e prescrição médica devem ser fornecidos pelo plano, mesmo que:

  • Não estejam no Rol de Procedimentos e Eventos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
  • Sejam de uso domiciliar.
  • Tenham custo elevado.

Além disso, a Lei nº 14.454/2022 reforçou que, havendo comprovação científica de eficácia, a cobertura do tratamento é obrigatória pelo plano de saúde.

No caso do vorasidenibe, aprovado para glioma específico, a cobertura é obrigatória em planos de saúde que incluem assistência ambulatorial ou hospitalar, conforme segmentação contratual.

Assim, o vorasidenibe torna-se uma realidade acessível através dos planos de saúde, evitando que pacientes arquem com custos proibitivos.

Entenda como funciona uma ação para medicamento de alto custo aqui.


O que fazer se o plano negar o fornecimento do vorasidenibe?

Negativas do plano de saúde podem ocorrer, especialmente quando o medicamento é domiciliar ou ainda não consta no rol da ANS.

Caso isso aconteça, algumas medidas informativas podem ajudar o paciente a entender e registrar a situação:

  • Solicitar a negativa por escrito com o motivo da recusa.
  • Guardar todos os documentos médicos (prescrição, laudos, exames).
  • Registrar reclamação na ANS pelo telefone 0800 701 9656 ou no site da agência.
  • Caso a negativa persista, é possível buscar orientação jurídica especializada para compreender os caminhos legais disponíveis, incluindo a possibilidade de medidas judiciais.

Manter-se bem informado e organizado aumenta a compreensão dos direitos do paciente e das alternativas legais para acesso ao tratamento prescrito.


Orientação em caso de recusa do plano de saúde

Quando o plano de saúde nega o fornecimento do vorasidenibe, mesmo com prescrição médica e registro na Anvisa, buscar orientação jurídica especializada pode ajudar a compreender os direitos do paciente e as alternativas legais disponíveis.

Um profissional de direito à saúde pode:

  • Analisar o contrato do plano e identificar possíveis irregularidades;
  • Explicar os procedimentos legais que podem ser adotados, incluindo ações judiciais, quando cabíveis;
  • Auxiliar na organização da documentação necessária, como prescrição médica, laudos, exames e negativa formal do plano.

É importante destacar que cada caso é único e que a atuação jurídica não garante resultados imediatos.

Entretanto, a orientação adequada contribui para que o paciente conheça suas opções e tenha suporte técnico para buscar acesso ao tratamento dentro da legislação vigente.

Vorasidenibe para tratamento de tumores cerebrais - Foto: Rawpixel.com/Freepik

Vorasidenibe pelo plano de saúde: seus direitos e próximos passos

A aprovação do vorasidenibe pela Anvisa representa um avanço importante no tratamento de gliomas IDH-mutantes de baixo grau, oferecendo aos pacientes uma alternativa moderna e menos invasiva, com potencial de preservar funções neurológicas por mais tempo.

Embora o custo do medicamento seja elevado, a legislação e o entendimento consolidado pelos tribunais indicam que, quando houver prescrição médica fundamentada, os planos de saúde podem ser obrigados a fornecer o medicamento, mesmo que ele não esteja incluído no rol da ANS.

Em caso de negativa do plano, é recomendado que o paciente:

  • Mantenha toda a documentação médica organizada (prescrição, laudos, exames);
  • Registre formalmente a recusa do plano;
  • Busque orientação jurídica especializada para compreender as alternativas legais disponíveis, incluindo eventuais medidas judiciais, se cabíveis.

Com informação e orientação adequadas, os pacientes podem conhecer melhor seus direitos e as opções para acesso ao tratamento, garantindo que decisões sobre a saúde sejam tomadas de forma consciente e dentro da legislação vigente.

Fale com um advogado especialista em planos de saúde Fale com um advogado especialista em planos de saúde

FAQ - Perguntas e respostas sobre o vorasidenibe e seus direitos

Ainda tem dúvidas? Confira mais informações sobre o vorasidenibe, a seguir:

O que é o vorasidenibe e como ele funciona?

O vorasidenibe é um medicamento oral que inibe mutações nas enzimas IDH1 e IDH2, comuns em alguns gliomas difusos de baixo grau. Ele ajuda a retardar o crescimento do tumor e adiar terapias mais agressivas.

Quem pode usar o vorasidenibe no Brasil?

A Anvisa aprovou o uso para pacientes a partir de 12 anos, já operados, que não precisem iniciar quimioterapia ou radioterapia de imediato.

O vorasidenibe cura o glioma?

Não. O medicamento não é curativo, mas pode prolongar o tempo sem progressão da doença e preservar funções neurológicas importantes.

Quanto custa o tratamento com vorasidenibe?

O preço oficial será definido pela CMED, mas projeções indicam valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil por mês, com base no mercado internacional.

O plano de saúde é obrigado a fornecer o vorasidenibe?

Sim. A legislação brasileira obriga a cobertura quando houver prescrição médica fundamentada e registro na Anvisa, mesmo que o medicamento não esteja no Rol da ANS.

O que fazer se o plano negar o fornecimento?

Peça a negativa por escrito, junte todos os documentos médicos e procure um advogado especializado em direito à saúde. É possível obter liminar para acessar o tratamento rapidamente.

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em Direito da Saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São Caetano do Sul e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

Fique por dentro das atualizações!
Inscreva-se na nossa newsletter

Gostaria de receber nosso conteúdo?
Cadastra-se para receber.

Acompanhe o Dr. Elton Fernandes
especialista em ações contra planos de saúde, na imprensa:

Clique e acompanhe Elton Fernandes no programa Mulheres

Clique e acompanhe Elton Fernandes no programa Santa Receita

Clique e acompanhe Elton Fernandes na Rádio Justiça

Siga nossas redes sociais e saiba mais sobre Direito da Saúde:

  

VEJA
MAIS INFORMAÇÕES

PRECISA DE AJUDA?
ENTRE EM CONTATO CONOSCO

ELTON FERNANDES SOCIEDADE DE ADVOGADOS
22.692.544/0001-02

Seus dados estão protegidos e tratados com sigilo.