Câmara hiperbárica pelo plano de saúde: saiba seus direitos e quando há cobertura

Câmara hiperbárica pelo plano de saúde: saiba seus direitos e quando há cobertura

Data de publicação: 18/06/2025
 

Entenda o que é câmara hiperbárica, seus benefícios, valor e como buscar a cobertura pelo plano de saúde, mesmo em caso de negativa

A câmara hiperbárica é um tratamento médico consolidado, indicado para acelerar a recuperação de feridas crônicas, infecções graves, queimaduras, doença descompressiva, entre outros quadros clínicos.

Apesar da eficácia comprovada, muitos pacientes ainda enfrentam dificuldades para obter a cobertura da câmara hiperbárica pelo plano de saúde, o que gera dúvidas como: o que é câmara hiperbárica? Para que serve? Quando o plano é obrigado a cobrir?

As operadoras de saúde costumam negar o tratamento alegando que o caso do paciente não atende aos critérios do Rol de Procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Porém, a Justiça tem reconhecido que os planos de saúde são obrigados a fornecer o tratamento de oxigenoterapia em câmara hiperbárica aos seus pacientes, sempre que houver prescrição médica.

E, neste artigo, abordaremos tudo o que você precisa saber sobre a oxigenoterapia hiperbárica, incluindo como a câmara hiperbárica funciona, o valor da sessão em câmara hiperbárica e de que forma o tema costuma ser tratado judicialmente em casos de negativa do plano de saúde.

Confira, a seguir:

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Foto: Rafael Tavares/UFRN

O que é câmara hiperbárica e qual a sua função?

A câmara hiperbárica é um equipamento médico que permite realizar a oxigenoterapia hiperbárica. Nesse tratamento, o paciente respira oxigênio puro (100%) em um ambiente pressurizado, com pressão maior que a atmosférica.

Essa elevação da pressão permite que mais oxigênio seja transportado pelo sangue, trazendo benefícios como:

  • Cicatrização acelerada: Ideal para feridas difíceis, como pé diabético, úlceras de pressão e feridas crônicas.
  • Tratamento de infecções graves: Auxilia no combate a bactérias anaeróbias e potencializa a ação de antibióticos.
  • Recuperação de queimaduras: Estimula a regeneração de tecidos em casos de queimaduras extensas ou falhas em enxertos de pele.
  • Desintoxicação: Eficaz em casos de envenenamento por monóxido de carbono.
  • Doença descompressiva: Essencial para mergulhadores com embolia gasosa ou outros problemas relacionados.
  • Lesões por radiação: Ajuda a tratar danos causados por radioterapia.
  • Pós-parto e recuperação: Em alguns casos, a câmara hiperbárica pós-parto pode ser indicada para acelerar a cicatrização de cesarianas ou outras complicações.

Como funciona a sessão de câmara hiperbárica?

Durante o tratamento, o paciente permanece dentro da câmara, sentado ou deitado, por cerca de 1 a 2 horas por sessão. 

A pressão elevada permite que o oxigênio alcance áreas com circulação comprometida, promovendo a regeneração celular, combatendo infecções e reduzindo o tempo de recuperação. 

O procedimento é seguro, mas exige prescrição médica e supervisão especializada, já que há contraindicações, como problemas respiratórios graves ou claustrofobia.

Foto: Rafael Tavares/UFRN

Câmaras hiperbáricas: para que servem e quais os benefícios?

A resposta à pergunta para que serve a câmara hiperbárica vai além do tratamento de feridas. As câmaras hiperbáricas oferecem benefícios como:

  • Potencialização de antibióticos: Aumentam a eficácia de medicamentos contra infecções graves.
  • Neutralização de toxinas: Ajudam a eliminar substâncias tóxicas, como em casos de intoxicação.
  • Estímulo à regeneração celular: Promovem o crescimento de células saudáveis, beneficiando atletas e pacientes em reabilitação.
  • Melhora na circulação: Compensam deficiências em vasos sanguíneos entupidos, essencial em casos de gangrena ou necrose.

O tratamento, porém, deve ser indicado por um médico e pode ser um complemento crucial quando outros métodos não surtem efeito.

Câmara hiperbárica: antes e depois

Os resultados da câmara hiperbárica antes e depois podem ser significativos.

Pacientes com feridas crônicas, como úlceras diabéticas, frequentemente relatam cicatrização mais rápida e redução de infecções.

Em casos de queimaduras, a regeneração dos tecidos é visivelmente acelerada.

Além disso, a câmara hiperbárica pós-parto pode ajudar na recuperação de cesarianas, reduzindo o risco de complicações.

Câmara hiperbárica: valor e onde fazer

O valor de uma sessão de câmara hiperbárica pode variar de R$ 200 a R$ 600, dependendo da clínica e da região.

Já o custo do equipamento ultrapassa facilmente R$ 100 mil, o que explica por que o acesso ao tratamento é limitado em algumas regiões.  

Para encontrar onde fazer câmara hiperbárica, é importante buscar clínicas especializadas ou hospitais com estrutura para oxigenoterapia hiperbárica.

Grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte possuem centros renomados, mas é importante consultar a disponibilidade de acordo com a rede credenciada do plano de saúde.

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Foto: Divulgação/Prefeitura de Cuiabá

Plano de saúde cobre câmara hiperbárica?

Sim, os planos de saúde são obrigados a cobrir a oxigenoterapia em câmara hiperbárica quando há prescrição médica com fundamentação científica.

Apesar de o procedimento estar incluído no rol da ANS, as operadoras frequentemente negam a cobertura, alegando que o caso do paciente não se enquadra nas diretrizes específicas da ANS (item 58 do Anexo II da Resolução Normativa).

Isto porque as Diretrizes de Utilização (DUT) estabelecidas pela ANS limitam a cobertura a indicações específicas, como:

  • Doença descompressiva
  • Embolia traumática pelo ar ou gasosa
  • Envenenamento por monóxido de carbono, fumaça, gás cianídrico ou sulfídrico
  • Gangrena gasosa e síndrome de Fournier
  • Infecções graves como fascite, celulite ou miosite necrotizante
  • Isquemias agudas traumáticas, lesão por esmagamento, síndrome compartimental, reimplante de membros
  • Sepse, choque séptico ou insuficiências orgânicas por vasculites agudas
  • Pé diabético com ulcerações profundas e infectadas, quando não há resposta ao tratamento convencional por pelo menos um mês
  • Osteorradionecrose de mandíbula avançada ou refratária ao tratamento clínico
  • Cistite actínica e retite/proctite actínica avançadas ou refratárias ao tratamento clínico

Sendo assim, se o quadro clínico do paciente não se enquadra nestes casos, frequentemente as operadoras de saúde se recusam a cobrir o tratamento.

No entanto, a Justiça tem um entendimento diferente, reforçando que o rol da ANS é exemplificativo, e não taxativo, conforme determina a lei.

Isso significa que a indicação médica pode justificar a cobertura, mesmo em casos fora das condições listadas no rol da ANS, desde que haja respaldo na ciência.

E, neste caso, o plano de saúde é obrigado a cobrir a sessão de câmara hiperbárica.

Justiça determina cobertura da câmara hiperbárica

A jurisprudência brasileira tem reconhecido a possibilidade de cobertura de tratamentos com câmara hiperbárica pelos planos de saúde.

Em casos recentes, tribunais determinaram que as operadoras não podem recusar o procedimento quando há prescrição médica, considerando essas negativas como práticas abusivas.

Exemplos de decisões favoráveis:

  • Em um caso julgado por tribunal estadual, foi reconhecido o direito de continuidade das sessões de oxigenoterapia hiperbárica após o plano de saúde interromper o tratamento. A operadora tentou justificar a recusa, mas não apresentou provas convincentes de que o procedimento não era necessário. O juiz manteve a decisão favorável ao paciente, reforçando que o plano deve cumprir sua obrigação de custear o tratamento.
  • Uma operadora de saúde foi condenada a pagar R$ 22.246,44 ao hospital que realizou sessões de câmara hiperbárica para um paciente com uma infecção grave na região glútea. A empresa argumentou que o contrato era anterior à Lei dos Planos de Saúde (Lei nº 9.656/98) e que o tratamento gerava custos excessivos, mas o tribunal rejeitou essas alegações. O juiz destacou que o procedimento, indicado pelo médico para acelerar a recuperação e reduzir o tempo de internação, era essencial para a saúde do paciente. A tentativa da operadora de excluir o tratamento foi considerada abusiva, e ela foi obrigada a cobrir as despesas.

Essas decisões mostram que a Justiça está atenta aos direitos dos pacientes, determinando o acesso à câmara hiperbárica quando o tratamento é clinicamente justificado, mesmo diante de negativas dos planos de saúde.

Livro Manual de Direito da Saúde Suplementar Livro Manual de Direito da Saúde Suplementar
Foto: Governo do Maranhão

O que fazer em caso de negativa?

Se o seu plano de saúde recusar a cobertura da câmara hiperbárica, é possível seguir estes passos:

  1. Obtenha um relatório médico detalhado: Peça ao seu médico um laudo justificando a necessidade do tratamento.
  2. Guarde a negativa por escrito: Solicite à operadora uma justificativa formal da recusa.
  3. Buscar orientação jurídica pode ser importante nesses casos: Um profissional com atuação na área de Direito da Saúde poderá esclarecer dúvidas sobre as medidas legais cabíveis, inclusive em situações que envolvem a cobertura ou o reembolso de tratamentos..

Como funciona a ação judicial neste caso?

Quando um plano de saúde nega a cobertura da câmara hiperbárica, o paciente pode buscar seus direitos por meio do Poder Judiciário. 

O processo começa com a coleta de documentos essenciais, como o relatório médico detalhando a necessidade do procedimento e a negativa formal do plano de saúde.

Com base nesses documentos, um advogado especialista em Direito da Saúde pode analisar o caso e indicar as medidas legais cabíveis, inclusive o pedido de liminar, em situações de urgência.

Graças aos processos eletrônicos, amplamente adotados no Brasil, não é necessário que o advogado esteja na mesma cidade do paciente.

O atendimento e o acompanhamento processual podem ocorrer de forma totalmente digital. Isso torna o acesso à Justiça mais simples, especialmente para quem vive em cidades menores ou longe de grandes centros.

Em casos de urgência comprovada, o juiz pode conceder uma decisão provisória (liminar) em poucos dias, determinando a cobertura do tratamento enquanto o processo segue em análise.

Também é possível que o Judiciário avalie eventual pedido de indenização, caso a negativa tenha causado prejuízos ao paciente.

Esse tipo de ação é uma causa ganha?

Nunca se pode afirmar que se trata de “causa ganha”. Quem quer que afirme isso não tem a menor ideia da seriedade do trabalho que isso envolve.

E, para saber as reais possibilidades de sucesso de sua ação, é recomendado conversar com um advogado especialista em Direito à Saúde para avaliar todas as particularidades do seu caso, pois há diversas variáveis que podem influir no resultado da ação, por isso, é necessário uma análise profissional e cuidadosa.

O fato de existirem decisões favoráveis em ações semelhantes mostra que há precedentes, mas apenas a análise concreta do seu caso por um advogado pode revelar as chances de seu processo.

A câmara hiperbárica é um tratamento poderoso para diversas condições, mas a recusa dos planos de saúde ainda é um obstáculo comum.

No entanto, a Justiça brasileira tem, em diversos casos, reconhecido a possibilidade de cobertura da câmara hiperbárica com base na prescrição médica, inclusive quando o procedimento não está listado no rol da ANS.

Em situações de negativa de cobertura ou necessidade de reembolso, é recomendável buscar orientação de um profissional com experiência em Direito da Saúde, que poderá analisar o caso e indicar as medidas legais cabíveis.

Perguntas frequentes sobre câmara hiperbárica

Ainda está com dúvidas? Confira as principais perguntas relacionadas à cobertura da câmara hiperbárica pelos planos de saúde:

O que é câmara hiperbárica e como funciona?

A câmara hiperbárica é um equipamento médico utilizado na oxigenoterapia hiperbárica. Durante o tratamento, o paciente respira oxigênio puro (100%) em um ambiente pressurizado, o que aumenta a quantidade de oxigênio transportado pelo sangue e acelera a cicatrização de tecidos.

Para que serve o tratamento em câmara hiperbárica?

A câmara hiperbárica é indicada para tratar:

  • Feridas crônicas, como o pé diabético
  • Infecções graves (como fascite necrotizante)
  • Queimaduras extensas
  • Doença descompressiva em mergulhadores
  • Intoxicação por monóxido de carbono
  • Lesões por radiação (exemplo: osteorradionecrose)
  • Recuperação pós-parto em casos específicos
Quais são os benefícios da oxigenoterapia hiperbárica?

Entre os principais benefícios estão:

  • Cicatrização acelerada
  • Melhora da oxigenação dos tecidos
  • Potencialização da ação de antibióticos
  • Redução de infecções
  • Estímulo à regeneração celular
  • Desintoxicação do organismo
Quanto custa uma sessão de câmara hiperbárica?

O valor de uma sessão de câmara hiperbárica varia entre R$ 200 e R$ 600, dependendo da clínica, da cidade e da estrutura oferecida.

O plano de saúde é obrigado a cobrir câmara hiperbárica?

Sim, os planos de saúde devem cobrir a oxigenoterapia hiperbárica quando houver prescrição médica fundamentada na ciência. Essa obrigação decorre da lei, que determina a cobertura de todos os tratamentos com respaldo técnico-científico. Portanto, ainda que o caso do paciente não atenda às diretrizes da ANS, é possível obter o custeio da câmara hiperbárica pelo plano de saúde.

Em quais casos a ANS determina a cobertura da câmara hiperbárica?

Segundo a ANS, os planos de saúde são obrigados a cobrir a câmara hiperbárica para os seguintes casos:

  • Doença descompressiva
  • Embolia gasosa
  • Envenenamento por monóxido de carbono ou outros gases tóxicos
  • Gangrena gasosa
  • Infecções graves, como fascite necrotizante
  • Isquemias traumáticas
  • Sepse com falência de órgãos
  • Pé diabético com infecção grave e sem resposta ao tratamento convencional
  • Osteorradionecrose de mandíbula
  • Cistite e retite actínica avançadas
E se meu caso não estiver no rol da ANS, o plano deve cobrir a câmara hiperbárica?

Mesmo que seu caso não esteja listado, a Justiça pode determinar a cobertura, desde que haja prescrição médica fundamentada na ciência.

O que fazer se o plano de saúde negar a câmara hiperbárica?

Se você recebeu uma negativa, siga estes passos:

  1. Peça ao seu médico um relatório detalhado justificando o tratamento.
  2. Solicite a negativa formal por escrito à operadora.
  3. Buscar orientação de um profissional com experiência em Direito da Saúde, que poderá analisar a situação e informar as possíveis medidas legais cabíveis.
Quanto tempo demora uma ação judicial para conseguir a câmara hiperbárica?

Em situações consideradas urgentes, a Justiça pode, em determinados casos, conceder uma decisão provisória (liminar) que possibilite o início do tratamento antes da conclusão do processo principal.

Posso pedir indenização por danos morais em caso de negativa do plano?

Em casos nos quais a negativa do plano de saúde resulte em agravamento da saúde ou sofrimento emocional, a ação judicial pode prever a inclusão de pedido de indenização por danos morais.

É garantido que vou ganhar a ação contra o plano?

Não há garantia de sucesso em qualquer ação judicial. Cada caso depende de fatores como documentação médica, gravidade do quadro clínico e urgência do tratamento. A avaliação de um advogado especialista em planos de saúde é recomendada para analisar as particularidades e as chances reais do processo.

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em Direito da Saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São Caetano do Sul e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

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