Junta médica no plano de saúde: o que é, como funciona e quais são seus direitos

Junta médica no plano de saúde: o que é, como funciona e quais são seus direitos

Entenda o que é a junta médica no plano de saúde, como funciona e o que fazer se houver parecer desfavorável à indicação do seu médico

Muitos beneficiários se perguntam: o que é junta médica no plano de saúde e quando ela pode ser exigida? Essa dúvida surge, sobretudo, diante da dificuldade de obter cobertura do plano para realizar um tratamento mais complexo.

A junta médica é um procedimento previsto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que pode ser acionado pelas operadoras de planos de saúde quando há divergência entre o médico do paciente e a operadora sobre a indicação de um tratamento, cirurgia ou exame.

Em outras palavras, é uma espécie de “comissão técnica” que analisa casos em que a operadora questiona ou nega a recomendação médica apresentada.

Esse recurso, embora tenha sido criado para garantir uma avaliação imparcial e técnica, muitas vezes é utilizado como uma forma de postergar ou dificultar o acesso ao tratamento recomendado.

Por isso, entender o que é junta médica, como funciona, quando pode ser exigida e quais são os direitos do paciente nesse processo é fundamental para qualquer beneficiário de plano de saúde.

Se você já teve um pedido de procedimento negado ou foi informado que seria necessário o parecer de uma junta médica, este artigo vai esclarecer tudo o que você precisa saber: desde a composição e os critérios legais até como agir em caso de negativa e quando vale a pena buscar ajuda jurídica especializada.

Continue a leitura para entender:

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O que é junta médica?

Junta médica é uma comissão formada por três profissionais de saúde, cuja finalidade é avaliar divergências entre o médico do paciente e a operadora de plano de saúde.

Esse processo, geralmente, ocorre quando há discordância sobre a autorização de tratamentos, cirurgias ou exames.

De acordo com a Resolução Normativa nº 424/2017 da ANS, a junta médica oficial deve ser composta por:

  • O médico assistente do paciente;

  • Um médico indicado pela operadora do plano de saúde;

  • Um terceiro médico, conhecido como "desempatador", escolhido de comum acordo entre os dois anteriores.

A ANS estabelece prazos para a conclusão da junta médica no plano de saúde, que variam conforme o tipo de procedimento. Consultas simples, por exemplo, têm prazo de até 7 dias úteis, enquanto para procedimentos complexos o prazo da junta médica oficial é de até 21 dias úteis. 

Além disso, o prazo de garantia de atendimento pode ser suspenso por 3 dias úteis se o desempatador solicitar exames complementares ou em caso de ausência do beneficiário à junta presencial.

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Imagem de DC Studio no Freepik

O que faz a junta médica?

A principal função da junta médica é emitir um parecer técnico especializado quando há discordância sobre a necessidade de um tratamento, exame ou cirurgia solicitados pelo médico do paciente.

Esse parecer deve ser baseado em critérios científicos, clínicos e nas coberturas previstas no contrato do plano de saúde.

Além de autorizar ou negar procedimentos, a junta médica também pode atuar em situações mais complexas, como:

  • Avaliação de diagnósticos controversos;
  • Análise de tratamentos experimentais ou de alto custo;
  • Exame da capacidade laborativa do paciente, especialmente em casos de benefício por incapacidade.

A atuação da junta médica deve respeitar os princípios de imparcialidade, transparência e respeito aos prazos estabelecidos pela ANS. O objetivo é proteger o direito do paciente a um atendimento de qualidade.

O que significa ir para junta médica no plano de saúde?

Quando o beneficiário é informado de que "vai para junta médica", isso significa que o plano de saúde não aprovou de imediato o procedimento ou tratamento indicado pelo seu médico e que a autorização dependerá da avaliação dessa comissão técnica.

Esse processo, embora regulado, pode gerar insegurança para o paciente, já que a escolha dos profissionais que compõem a junta muitas vezes é influenciada pela própria operadora, o que compromete a neutralidade da decisão.

Na prática, "ir para junta médica" pode representar:

  • Um atraso na autorização do tratamento;

  • A necessidade de passar por nova avaliação médica;

  • Um possível risco de negativa do procedimento.

Diante dessa situação, é essencial que o paciente esteja atento, tenha o apoio de seu médico para a elaboração de um relatório técnico robusto e, se necessário, busque assistência jurídica para lutar por seus direitos.

Junta médica: como funciona?

O funcionamento da junta médica deve seguir prazos definidos pela ANS, justamente para evitar que o paciente seja prejudicado por atrasos na análise.

Durante o processo, o beneficiário e seu médico têm direito à informação sobre o andamento do caso e acesso a toda a documentação gerada.

Em tese, a função da junta é garantir que os tratamentos autorizados sejam adequados, seguros e compatíveis com o contrato do plano de saúde.

Ela atua como um órgão técnico responsável por emitir pareceres fundamentados com base em critérios clínicos e científicos.

Se o parecer da junta médica for favorável ao paciente, a operadora é obrigada a autorizar o procedimento. No entanto, na prática, esse processo pode apresentar falhas graves.

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Imagem de Drazen Zigic no Freepik

Falhas na imparcialidade da junta médica

Embora a ideia seja que o terceiro médico (desempatador) seja neutro, o que se observa é que as operadoras geralmente apresentam uma lista pré-selecionada de profissionais, dificultando uma escolha verdadeiramente imparcial.

Com isso, há grande chance de que esse terceiro membro tenha vínculos, diretos ou indiretos, com a operadora — o que compromete a neutralidade da avaliação e acaba em pareceres desfavoráveis aos pacientes.

Além disso, em alguns casos, a utilização da junta médica pode representar uma estratégia para postergar a autorização e o custeio de tratamentos, criando barreiras artificiais ao acesso à saúde.

Agendamento de junta médica: como é feito

O agendamento de junta médica deve ser realizado de forma transparente.

É importante que o paciente seja informado com antecedência. Além disso, de acordo com a ANS, ele deve ter acesso aos nomes dos profissionais indicados, podendo participar da escolha do terceiro médico.

Se o agendamento ocorrer sem o conhecimento do paciente ou sem respeitar as regras legais, essa irregularidade pode ser usada para contestar judicialmente a decisão da operadora.

Junta médica tem validade na Justiça?

Na prática forense, os pareceres da junta médica costumam ter pouca credibilidade quando há indícios de parcialidade ou ausência de fundamentação técnica adequada.

Por isso, o relatório técnico do médico assistente é peça fundamental para contestar a negativa do plano de saúde. Esse documento deve conter:

  • Justificativas clínicas detalhadas;
  • Fundamentação científica da conduta recomendada;
  • Críticas à ausência de avaliação presencial;
  • Apontamentos sobre inadequações do parecer da junta;
  • Referência a estudos e diretrizes médicas atualizadas.

O que fazer em caso de parecer desfavorável da junta médica?

Se você recebeu um parecer desfavorável da junta médica do seu plano de saúde, é essencial agir estrategicamente para buscar seus direitos.

Muitas operadoras utilizam esse mecanismo para contestar procedimentos médicos sob justificativas questionáveis, seja para adiar custos ou para negar materiais e técnicas indicadas pelo médico do paciente.

Por isso, seguir um protocolo bem estruturado pode fazer toda a diferença na reversão dessa decisão.

1. Solicite um relatório técnico do seu médico

O primeiro passo é pedir que seu médico elabore um relatório detalhado rebatendo tecnicamente a posição da junta médica. Esse documento é fundamental para fortalecer sua defesa e deve conter:

  • Análise dos exames e histórico clínico – explicação de por que o procedimento indicado é necessário;
  • Crítica à avaliação da junta médica – esclarecimento sobre possíveis falhas, como ausência de exame presencial, desconsideração de aspectos clínicos importantes ou escolha inadequada de materiais;
  • Justificativa baseada em evidências científicas – citações de estudos técnicos que comprovam a melhor abordagem para o caso do paciente;
  • Comparação entre materiais sugeridos – se a junta médica propôs um material diferente do recomendado pelo médico, o relatório deve explicar por que o material originalmente indicado é mais seguro ou eficaz.

Esse relatório pode ser decisivo para contestar a junta médica na Justiça, já que os juízes dão grande importância a documentos médicos bem fundamentados.

2. Acione a ANS

Se a negativa for abusiva, você pode registrar uma reclamação na ANS. Embora a agência nem sempre interfira quando há junta médica envolvida, ela pode ser acionada caso a decisão da operadora viole normas regulatórias. Para isso:

  • Entre no site da ANS e registre uma reclamação;
  • Informe o número do protocolo da negativa recebido do plano de saúde;
  • Anexe o relatório do seu médico como prova do seu direito ao procedimento.

3. Busque apoio jurídico especializado

Se a operadora se recusar a autorizar o tratamento mesmo após a contestação médica, a alternativa mais eficaz pode ser recorrer à Justiça. Um advogado especialista em planos de saúde pode:

  • Ingressar com uma ação judicial – solicitando liminar para que o procedimento seja realizado sem mais atrasos.
  • Apresentar provas técnicas – o relatório médico e estudos científicos podem ser fundamentais para convencer o juiz da necessidade do procedimento.
  • Buscar que seus direitos sejam respeitados – evitando prejuízos à sua saúde causados pela demora na autorização.

4. Envolva seu médico no processo

Muitos médicos não sabem o impacto jurídico que um bom relatório pode ter na reversão da negativa. Por isso, se possível:

  • Explique ao seu médico a importância do relatório detalhado;
  • Compartilhe estudos técnicos que possam embasar ainda mais a justificativa médica;
  • Solicite que ele se comprometa tecnicamente com a recomendação, garantindo que o documento seja robusto o suficiente para ser utilizado na Justiça, se necessário.

Com esse documento, é possível ingressar com ação judicial e, se necessário, pleitear uma liminar para buscar o acesso imediato ao tratamento.

junta médica como funciona

Imagem de pressfoto no Freepik

Esse tipo de ação é uma causa ganha?

Nunca se pode afirmar que se trata de “causa ganha”. Quem quer que afirme isso não tem a menor ideia da seriedade do trabalho que isso envolve.

E, para saber as reais possibilidades de sucesso de sua ação, é fundamental conversar com um advogado especialista em Direito à Saúde para avaliar todas as particularidades do seu caso, pois há diversas variáveis que podem influir no resultado da ação, por isso, é necessário uma análise profissional e cuidadosa.

O fato de existirem decisões favoráveis em ações semelhantes mostra que há chances de sucesso, mas apenas a análise concreta do seu caso por um advogado pode revelar as chances de seu processo. Portanto, converse sempre com um especialista no tema.

Entenda como se defender de práticas abusivas

Saber exatamente o que é junta médica e como ela funciona é essencial para todo beneficiário de plano de saúde.

Embora esse mecanismo tenha sido criado com o objetivo de assegurar análises técnicas justas, muitos pacientes enfrentam dificuldades decorrentes da parcialidade no processo de escolha dos profissionais.

A melhor forma de enfrentar esse cenário é com informação e suporte técnico adequado. Relatórios médicos bem fundamentados e atuação jurídica especializada são os principais instrumentos para garantir que o plano de saúde cumpra sua função e forneça o tratamento necessário.

Se você está enfrentando problemas com agendamento de junta médica ou teve um procedimento negado, busque seus direitos. O acesso à saúde não pode ser prejudicado por estratégias burocráticas e decisões unilaterais.

Neste cenário, é importante contar com a ajuda de um advogado especialista em planos de saúde tanto para orientá-lo como para lutar por seus direitos.

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Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em ações contra planos de saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

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