Fertilização in vitro pelo plano de saúde: o que mudou na cobertura e como usar FGTS para pagar tratamento

Fertilização in vitro pelo plano de saúde: o que mudou na cobertura e como usar FGTS para pagar tratamento

Data de publicação: 16/10/2025

Entenda a decisão do STJ sobre a cobertura da fertilização in vitro pelos planos de saúde, seu valor e como sacar o FGTS para custear o tratamento

A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica avançada de reprodução assistida que ajuda casais com dificuldades para conceber naturalmente. 

Contudo, o alto valor da fertilização in vitro e a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a cobertura pelos planos de saúde geraram dúvidas entre os pacientes.

É verdade que, por muitos anos, entendeu-se pela possibilidade de buscar a cobertura da fertilização in vitro pelo plano de saúde.

Ao longo do tempo houve, inclusive, muitas decisões judiciais que permitiram a famílias ter o custeio da FIV através do convênio médico.

Porém, este cenário mudou desde o julgamento do tema 1067 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Nele, o STJ pacificou o entendimento de que a fertilização in vitro não é um tratamento que deva ser coberto pelos planos de saúde, salvo disposição contratual expressa.

Mas, então, como ficam os segurados que desejam realizar a fertilização in vitro? A decisão do STJ vale para todos os planos de saúde? Se o plano de saúde não tem obrigação de cobrir a FIV, como conseguir realizar o tratamento?

Para te ajudar a entender melhor essa questão, preparamos este artigo.

Saiba que uma alternativa para custear o procedimento é a possibilidade de sacar o FGTS para tratamentos de fertilidade, o que pode aliviar o impacto financeiro do custo elevado da fertilização in vitro, que varia entre R$ 15 mil e R$ 36 mil no Brasil..

Vá direto ao ponto:

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Fertilização in vitro pelo plano de saúde

O que é a fertilização in vitro (FIV)?

A fertilização in vitro (FIV), também conhecida como FIV, é uma técnica de reprodução assistida em que o processo de fecundação ocorre fora do corpo da mulher, em laboratório.

Ela é usada, especialmente, para ajudar casais que têm dificuldade em conceber naturalmente, devido a problemas como infertilidade masculina ou feminina, endometriose, síndrome do ovário policístico ou obstrução tubária.

O processo envolve a coleta de óvulos, fertilização com espermatozoides (do parceiro ou doador) e transferência de embriões para o útero.

A FIV também é usada para prevenir doenças genéticas hereditárias ou para preservação da fertilidade em mulheres submetidas a tratamentos como quimioterapia. 

Desde o nascimento de Louise Brown, em 1978, a primeira bebê concebida por FIV, a técnica evoluiu, incorporando avanços como a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) e a criopreservação de embriões.

Fertilização in vitro: como funciona?

O processo da fertilização in vitro inclui as seguintes etapas:

  1. Estimulação ovariana: Medicamentos são usados para estimular a produção de óvulos.
  2. Coleta de óvulos: Os óvulos maduros são retirados dos ovários.
  3. Fertilização: Óvulos e espermatozoides são combinados em laboratório.
  4. Cultivo de embriões: Os embriões são cultivados por alguns dias.
  5. Transferência embrionária: Um ou mais embriões são transferidos para o útero.
Infográfico valor fertilização in vitro Infográfico valor fertilização in vitro
O preço da fertilização in vitro varia de R$ 15 mil a R$ 30 mil - Foto: Freepik

Quanto custa uma fertilização in vitro?

O valor da fertilização in vitro no Brasil varia entre R$ 15 mil e R$ 36 mil, dependendo de fatores como:

  • Local da clínica (estado ou cidade);
  • Número de ciclos necessários;
  • Procedimentos adicionais, como ICSI ou descarte de embriões na fertilização in vitro honorários.

Para aliviar o impacto financeiro, no entanto, é possível sacar o FGTS para custear o tratamento, desde que atendidas as condições previstas na legislação, como a comprovação de necessidade médica. 

É recomendável buscar orientação jurídica especializada para entender seus direitos sobre o tema.

Como usar o FGTS para custear a fertilização in vitro?

Nem todos sabem, mas é possível sacar o FGTS para tratamento da infertilidade, incluindo a fertilização in vitro.

Para isso, é necessário comprovar a indicação médica e atender aos requisitos previstos na legislação. O saque pode ser uma forma real de reduzir o peso financeiro, especialmente diante do preço elevado da fertilização in vitro.

Um advogado com experiência em Direito da Saúde pode esclarecer dúvidas sobre o uso do FGTS para tratamentos de fertilidade.

Fertilização in vitro pelo SUS: é possível?

A fertilização in vitro é oferecida em alguns hospitais públicos, mas a disponibilidade é limitada pelo SUS, com longas filas de espera e critérios específicos. 

Geralmente, o Sistema Único de Saúde prioriza casos de infertilidade com indicação médica clara, como obstruções tubárias ou endometriose grave.

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O que precisa para fazer a fertilização in vitro?

Quanto custa uma fertilização in vitro

Existem alguns critérios comuns para a realização da fertilização in vitro, apesar de que algumas regras podem mudar dependendo do local que fará o tratamento.

Mas, basicamente, os critérios para a FIV incluem:

  • Infertilidade: casais com dificuldades para conceber após um ano de tentativas, ou mulheres que têm condições médicas que impedem a gravidez natural.
  • Idade: a idade é um fator importante, pois a fertilidade diminui com o tempo. A FIV é mais eficaz em mulheres mais jovens.
  • Qualidade do esperma: se o parceiro masculino tem problemas de qualidade do esperma, a FIV pode ser uma opção.
  • Endometriose: a FIV pode ser uma opção para mulheres com endometriose grave que não responderam a outros tratamentos.
  • Problemas de ovulação: mulheres com problemas de ovulação, como a síndrome dos ovários policísticos, podem se beneficiar da FIV.
  • Obstruções tubárias: se a mulher tiver obstruções tubárias, a FIV pode ser uma opção.
  • Preservação da fertilidade: a FIV pode ser uma opção para mulheres que desejam preservar sua fertilidade antes de se submeter a tratamentos de câncer.

Estes são alguns critérios comuns, porém, é importante discutir suas opções com um médico especialista em fertilidade para determinar se a FIV é a melhor opção para você.

Quais são as alternativas à fertilização in vitro?

A fertilização in vitro é uma das técnicas mais famosas de reprodução assistida. No entanto, não é a única. Além da FIV, outras técnicas de reprodução assistida incluem:

  • Indução da ovulação: uso de medicamentos para estimular a ovulação, seguido de relações programadas.
  • Inseminação intrauterina: inserção direta de esperma no útero durante a ovulação.
  • Doação de óvulos ou sêmen: indicada quando há baixa qualidade de óvulos ou esperma.

É importante lembrar que a escolha da alternativa à FIV dependerá das causas da infertilidade do casal, da idade, saúde geral e preferências pessoais.

Por isso, é fundamental contar com o acompanhamento e a orientação de um médico especialista em fertilidade. Além disso, quando todas as técnicas de reprodução assistida falham, a adoção é uma opção para casais que desejam formar uma família.

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Casal mostra teste positivo de gravidez após fertilização in vitro - Foto: Freepik

Plano de saúde cobre a fertilização in vitro?

A resposta é não, o plano de saúde não tem o dever de cobrir a fertilização in vitro. Desde a decisão do STJ acerca do tema 1067, o plano de saúde só deve cobrir a FIV se houver expressa previsão em contrato.

Mas, afinal, o que é o tema 1067?

Quando um tema é muito polêmico na Justiça, o próprio Poder Judiciário pincela alguns processos e toma uma decisão, conhecida como Decisão em Sede de IRDR (Instituto de Resolução de Demanda Repetitiva).

Essa decisão passa a ser obrigatoriamente automática para todas demandas que tratam sobre aquele determinado tema.

E foi o que aconteceu com a cobertura da fertilização in vitro pelos planos de saúde. Neste caso, o tema recebeu o nome de 1067 e tratou sobre a obrigatoriedade ou não das operadoras custear esse tratamento.

O STJ concluiu o seguinte, a respeito do tema 1067, em fevereiro de 2022:

“Salvo disposição contratual expressa, os planos de saúde não são obrigados a custear o tratamento médico de fertilização in vitro”.

E essa decisão do STJ vincula todos os juízes do Brasil, de forma que eles passam a seguir o entendimento firmado pelo tribunal. 

De acordo com o STJ, a cobertura somente ocorrerá se a fertilização in vitro estiver prevista no contrato do plano de saúde.

E, na maioria dos casos, a Justiça tem seguido o entendimento do STJ, limitando a cobertura da FIV apenas às hipóteses previstas em contrato.

Então, não há a menor possibilidade de obter o custeio da FIV pelo plano de saúde?

Somente em casos muito específicos há a possibilidade de o tribunal fazer uma distinção em relação à decisão do STJ sobre a cobertura da fertilização in vitro pelo plano de saúde.

Por exemplo, no caso do congelamento de óvulos de mulheres que precisam se submeter à quimioterapia, houve decisões que consideraram o direito ao custeio da FIV.

Contudo, estas são raras exceções, sendo necessário que se faça uma análise muito profissional de cada caso.

Como o tema envolve entendimento recente do STJ, cada situação deve ser analisada individualmente. É recomendável buscar orientação jurídica especializada para avaliar as possibilidades em casos de negativa de cobertura da fertilização in vitro.

Fertilização in vitro, valor e FGTS como solução

A fertilização in vitro é uma solução eficaz para muitos casais, mas o valor do tratamento e a falta de cobertura pelos planos de saúde podem ser desafios.

A possibilidade de sacar o FGTS para custear a FIV é uma alternativa a ser considerada, principalmente por quem não pode pagar o preço da fertilização in vitro. 

Para dúvidas sobre o procedimento, consulte um médico especialista em fertilidade. Já questões relacionadas ao uso do FGTS ou à cobertura do plano de saúde podem ser esclarecidas com o apoio de um profissional de Direito da Saúde.

Escrito por:

Autor Elton Fernandes

Elton Fernandes, advogado especialista em Direito da Saúde, professor de pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar da USP de Ribeirão Preto, da Escola Paulista de Direito (EPD) e do Instituto Luiz Mário Moutinho, em Recife, professor do Curso de Especialização em Medicina Legal e Perícia Médica da Faculdade de Medicina da USP, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São Caetano do Sul e autor do livro "Manual de Direito da Saúde Suplementar: direito material e processual em ações contra planos de saúde".

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FAQ - Perguntas frequentes sobre fertilização in vitro

Tire suas dúvidas sobre a cobertura da fertilização in vitro, alternativas para o valor elevado da FIV, como usar o FGTS:

O plano de saúde é obrigado a cobrir a fertilização in vitro (FIV)?

Não. Após a decisão do STJ no Tema 1067, a FIV só é coberta se houver previsão expressa no contrato do plano de saúde.

Quanto custa, em média, uma fertilização in vitro no Brasil?

O valor varia entre R$ 15 mil e R$ 36 mil por ciclo, podendo aumentar dependendo da clínica, da região e dos procedimentos extras envolvidos.

Posso usar o FGTS para pagar a fertilização in vitro?

Sim. É permitido sacar o FGTS para tratamentos de infertilidade, incluindo a FIV, desde que haja laudo médico e preenchimento dos requisitos legais.

O SUS oferece fertilização in vitro?

Sim, mas de forma bastante limitada. Existem poucos hospitais credenciados, filas longas e critérios específicos para seleção dos pacientes.

Quais alternativas existem à FIV?

Além da FIV, há outras técnicas de reprodução assistida, como inseminação artificial, indução da ovulação, uso de óvulos ou sêmen doados e, em último caso, a adoção.

É possível entrar na Justiça para obrigar o plano a custear a FIV?

Após a decisão do STJ, isso só é possível em raríssimas exceções, como casos de preservação da fertilidade antes de tratamentos de câncer. Em caso de dúvidas, é recomendável buscar orientação de um advogado especialista em Direito da Saúde.

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